Uma velha reivindicação democrática acaba de ser aceita pelo Senado: a liberdade de ação política na internet. Pois não é que tem gente reclamando? Nós, jornalistas, sempre condenamos a ausência de debate real nos meios eletrônicos de comunicação. Pois há jornalistas se queixando de que, com a internet livre, como aliás é a vocação da internet, sua sacrossanta telinha de computador continuará sendo inundada por material de que ele preferiria não tomar conhecimento. É curioso: desde os primórdios do uso do computador pessoal, em todos os aparelhos que este colunista manuseou continuam uma tecla utilíssima, "del" – do inglês "delete", apague. Não quer ler o material? Tecle "del". Não gostou da propaganda da loja de eletrodomésticos? Tecle "del". Não quer ver mulheres e homens pelados, não quer saber a opinião dos defensores do senador Fernando Collor? Tecle "del". Não é preciso lamentar-se, nem pedir que haja uma polícia especial de internet para tirar aquilo de que não se gosta: basta teclar "del". Este colunista prefere lançar no lixo eletrônico todo aquele material que costuma ser irrelevante. Mas, antes de apagá-lo de vez, dá uma passadinha de olhos, daquelas rápidas, para ver se não está perdendo nada interessante. Normalmente não está. Mas já houve ocasiões em que pôde recuperar coisas boas. Por que jogar fora a oportunidade de garimpagem? Por que, mal-humoradamente, exigir um policiamento especial para que alguma Excelência não se sinta incomodada? Internet é território livre. Se não for território livre, Internet não tem sentido. Nota do Editor: Carlos Brickmann é jornalista, diretor da Brickmann&Associados.
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