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Crônicas
26/09/2009 - 08h38
Deu a louca nas fábulas infantis
Antonio Brás Constante
 

Se as fábulas infantis de outrora fossem escritas hoje em dia, tudo seria diferente, o Lobo Mau estaria mal, muito mal, combalido na cama da vovozinha, que teria saído de casa para passar trotes em algum telefone público (se na cidade de Canoas isso acontece, porque não poderia ocorrer em fábulas?). O lobo teria sido vítima dos três porquinhos, que lhe contaminaram com a gripe suína. Nesta história ao invés dele ter soprado neles, foram eles que assoaram o nariz perto dele.

Os porquinhos por sinal, não seriam apenas três, mas sim, milhares, que atirariam lixo pelas janelas dos carros, ou em terrenos baldios, ou ainda despejando detritos industriais em rios, sem preocupação nenhuma com reciclagem ou meio ambiente, e teriam a alcunha de sociedade.

Se não bastasse a gripe, o lobo ainda seria acusado de atentado violento ao pudor e canibalismo contra uma tal Chapeuzinho Vermelho, uma das líderes do comando vermelho, e conhecida no bosque encantado como a maior traficante de “docinhos” alucinógenos da região.

No caso de João e o pé de feijão, seria João que passaria o conto do vigário nas negociações, trocando vacas loucas por sacas de feijão, que ficariam armazenados em gigantescos silos subsidiados pelo governo, que ainda pagaria a João para guardá-los, mantendo assim o preço de mercado.

João também aprontaria das dele com sua irmã Maria, existindo inclusive boatos de que juntos eles teriam saqueado uma pobre velhinha, vandalizando sua casa e ainda chamando a coitada de bruxa. Tudo isso em decorrência do vício de ambos por “docinhos”, onde faziam de tudo para consegui-los. Seriam considerados como dois exemplos de jovens perdidos no bosque encantado.

A Cinderela da atualidade passaria o rodo na casa da madrasta, deixando-a sem nada, e fugiria com um tal de príncipe, marginal conhecido, que não engolia sapos de ninguém. Já a Branca de neve ganharia este apelido em decorrência do pó que forneceria aos seus convidados em suas festinhas privativas para políticos entre outras personalidades influentes, utilizando anões nas suas operações, que em áureos tempos também já foram conhecidos como anões do orçamento, em terras brasilis.

Nos dias de hoje Pinóquio não seria literalmente um cara-de-pau, mas ainda assim seria um baita mentiroso, provavelmente entraria na política, mas ao invés de crescer o nariz, o que cresceria absurdamente seria sua conta bancária.

Estamos vivendo em um mundo onde os contos de fadas foram trocados pelos games, os príncipes e princesas por uma tentadora carreira (entenda-se isso em todos os sentidos) e a infância cada vez mais vem deixando de acontecer em meio a uma antiga bolha de fantasias, onde era a cegonha que trazia os ovos de páscoa e Papai Noel era pregado na cruz. As novas fontes de utopia são uma mescla entre o real e o digital. Um mundo em que pequenos e inquietos “pré-adultos” se formam antes mesmo de serem adolescentes.

Enfim, um mundo onde muitos adultos sentem-se tão obsoletos quanto seus saudosos contos de fadas de antigamente, sem conseguirem assimilar o que estas mudanças causarão as futuras gerações, que já há um bom tempo vem atropelando estas recordações com uma carruagem envenenada de abóboras transgênicas.


Nota do Editor: Antonio Brás Constante (abrasc@terra.com.br) é escritor.

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