A rumorosa aprovação, pelo Congresso Nacional, da criação de 7343 novas cadeiras nas Câmaras de Vereadores de todo o país, causa reações das mais diversas na sociedade. Umas frontalmente contrárias, outras amplamente favoráveis e até o total desinteresse de considerável parcela da população. Discute-se agora se a aplicação da medida deve ocorrer imediatamente ou só no próximo mandato, que começa em 2013. Independente do que venha a prevalecer, a polêmica nos remete a uma séria reflexão a respeito da importante e imprescindível função de vereador. Há de se entender que o vereador, pela sua proximidade com o eleitor (ninguém mora na União e no Estado, e sim no Município), é o seu mais direto e legítimo representante do povo. Ele tem que morar e trabalhar no próprio município e o seu trabalho é avaliado direta e diariamente, diferente da atividade de deputados, senadores, presidente da República, governadores e até prefeitos, que ficam mais distanciados da população. Teoricamente, quanto mais vereadores numa Câmara, maior a representação do povo. E isso não chega a interferir nas finanças públicas, pois os orçamentos municipais já têm um percentual fixado para gastos do legislativo. Se não usam a verba para pagar vereadores, as Câmaras destinam o orçamento para fazerem reformas, adquirem veículos luxuosos e contraem despesas prescindíveis. A classe política, em geral vive atualmente um tempo de imagem muito desgastada, até injusta com a produção e o comportamento sério de muitos dos seus integrantes. Nos tempos de democracia que felizmente vivemos, a generalização tornou-se moda. Toda vez que um vereador, deputado, senador ou qualquer outro político é surpreendido fazendo uma besteira, toda a classe acaba pagando o pato. Em vez de pegar e punir apenas o transgressor ou criminoso de colarinho branco, a censura popular volta-se injustamente para todo o conjunto. A própria classe política tem culpa por esse tratamento discriminatório. Se a Câmara, o Senado e outras instâncias políticas e administrativas não agissem corporativamente e punissem de forma exemplar seus membros errantes, como os dos sanguessugas, do valerioduto e outros ultimamente noticiados, provavelmente gozariam de maior respeito popular. Não teriam recebido a popular classificação de “farinha do mesmo saco”. É preciso fazer algo para restaurar a figura dos políticos. Até porque, independente da vontade das pessoas, eles (os políticos) existem e sem sua atividade não há governo e nem administração pública. Já que são inevitáveis, há que se reabilitar o respeito da classe para com ela convivermos bem e, se possível, termos orgulho da atuação de seus membros. Nos centros mais desenvolvidos do mundo, o político é uma figura respeitável e acima de qualquer suspeita. O Brasil, que já se coloca como uma potência econômica e dá muitos bons exemplos para todo o planeta, também precisa provar que possui homens e mulheres de competência, respeito e dignidade para gerir suas coisas públicas. Isso é possível e necessário. Vamos trabalhar, todos, nessa direção!... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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