Quando a agência de classificação de risco Moody´s anunciou, no dia 22 de setembro, que os papéis do Brasil são confiáveis para investir, não houve grande impacto sobre o mercado de ações. O Ibovespa, que vinha apontando tendência de alta, até assinalou uma ligeira queda na quarta-feira, 23, apenas um dia depois da boa notícia. A aparente indiferença do mercado não tem nada a ver com desinteresse por parte dos investidores. Ao contrário! Na realidade, eles já tinham consciência daquilo que a Moody’s apenas ratificou: o Brasil é bom pagador e a economia brasileira, cada vez mais forte, não foi afetada de maneira significativa pela crise econômica mundial. O bom momento brasileiro já havia sido reconhecido pela Fitch Rating, em maio de 2008. Na ocasião, a agência explicou que a elevação do rating refletia a "melhora dramática das contas externas e do setor público do Brasil, que reduziu bastante a vulnerabilidade do país a choques externos e de câmbio, fortaleceu a estabilidade macroeconômica e melhorou as perspectivas de crescimento para o médio prazo". No mesmo período, a agência canadense DBRS tomou idêntica decisão. Mas o pioneirismo em colocar o Brasil na lista dos países seguros coube à Standards & Poors, que, em abril de 2008, revisou o rating brasileiro e elevou a nota do país de BB+ para BBB- no quesito moeda estrangeira em longo prazo. Na ocasião, a S&P também elevou o rating do Brasil em moeda local de longo prazo de "BBB" para "BBB+", e o rating para moeda local de curto prazo foi ajustado de "B" para "A-3". O impacto desse reconhecimento foi bastante positivo no período, contribuindo para um forte aquecimento das negociações com papéis brasileiros. Em declaração oficial realizada no período, a S&P justificou a medida como um reconhecimento da "maturidade das instituições do Brasil e da política monetária" e da "melhoria das tendências de crescimento". Porém, havia ressalvas em relação à dívida pública, maior no Brasil do que em outros países BBB. O desequilíbrio da balança fiscal também foi tratado com reserva na recente avaliação da Moody’s. Apesar da necessidade de alguns ajustes, as perspectivas são excelentes, e espera-se que a S&P e a Fitch, agora defasadas em relação à Moody’s na avaliação do risco-Brasil, melhorem ainda mais as notas atribuídas ao país. O fato é que o Brasil estava fortalecido quando a crise eclodiu, e graças a uma política econômica bem conduzida, não tomou medidas precipitadas, além de ter respondido bem às pressões, através do uso das reservas internacionais, da venda de dólares nos mercados e da liberação dos compulsórios. O Brasil tem se saído extremamente bem, com ou sem pressão. Precisamos reduzir despesas, aumentar os investimentos em infraestrutura, facilitar o acesso ao crédito por parte dos produtores rurais e dos empreendedores em geral e estimular as empresas a não transigirem com o descumprimento aos marcos legais. Se os acertos forem mantidos, e os ajustes necessários se efetivarem em seu devido tempo, ingressaremos de vez no seleto grupo das nações desenvolvidas. Potencial nós temos, e estamos provando que o país do futuro finalmente se dispôs a desempenhar o papel de "país do presente". Nota do Editor: Eduardo Pocetti é CEO da BDO Trevisan.
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