Às vezes tento me habituar, por não conseguir vencer o vício de tantos educadores que apresentam em público textos e paráfrases, sem a devida citação de autorias. Um crime que a cada dia se banaliza exatamente entre as pessoas que mais deveriam dar lições e exemplos de correção neste aspecto. Autores célebres, desconhecidos e inéditos, todos saem lesados por essa prática, e parece não haver ninguém que perceba, coíba ou admoeste esses mestres que na maioria das vezes não usam de má fé. São realmente ingênuos, desatentos e/ou desinformados a tal ponto. A ingenuidade ou desinformação desses mestres não torna esta questão menos grave. Pelo contrário. Isso faz perceber uma grande carência de conhecimentos mais amplos e de valores éticos entre os educadores, quando apresentam textos que comumente falam desses valores, e ao fim de cada leitura a platéia não é informada sobre quem os escreveu. Na maioria das vezes, esses textos ainda são fotocopiados e distribuídos sem as devidas assinaturas. Em alguns casos, assinados pelos professores, de formas equivocadas, levando a supor que são eles os autores. Essa prática precisa ser corrigida. Precisamos aprender um pouco mais sobre direitos autorais e autorias. Nestes tempos em que pelejamos contra a pirataria em todos os setores, temos que nos olhar mais a fundo e não repetir o que nossos lábios condenam, muitas vezes alheios ao sentido real de nossos discursos. Tanto quanto lucrar com cópias piratas de CDs, DVDs, livros e outros artigos, utilizar textos e músicas negando-lhes ou ocultando as autorias é crime. Neste caso, é pirataria ideológica. É como usurpar uma paternidade ou desqualificar uma patente. Somos educadores. Temos que ser exemplos de informação, ética, lisura e senso crítico. Sem isso, não teremos como informar ou educar nossos jovens. E essa questão de autorias e direitos autorais não é banal. Banalizada, mas não banal. É um dos mais graves e atuais problemas da modernidade, quando a preguiça de criar está nos induzindo à cópia e à utilização do alheio sem os devidos créditos. Em outras palavras, pirataria mercadológica ou ideológica é roubo. E educadores não podem ser nem comungar com ladrões. Nota do Editor: Demétrio Sena é educador lotado no CIEP 327 - Suruí - Magé - RJ. Palestrante. Membro da Academia Mageense de Letras.
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