A mãe Natureza tem cobrado com todo rigor as injustas agressões sofridas nesse nosso mundo industrializado e explorado de forma não sustentável. Tsunamis, terremotos, tornados, chuvas torrenciais, inundações, deslizamentos e outros eventos em que o homem e tudo aquilo que ele construiu sem o devido cuidado é dizimado em segundos. O tema é envolvente e sustenta incontáveis teses acadêmicas que, apesar de conterem alertas, pouco ou nada contribuem para mudar o irresponsável comportamento da humanidade com o universo, seu grande lar. A revolução industrial gerou uma nova sociedade, com confortos e modernidades que tornam a vida mais fácil (e sedentária). Desde o domínio do fogo, o homem faz coisas extraordinárias, aprisionando a energia da natureza e empregando-a conforme seu interesse. Mas não se preocupou com a compensação e os rejeitos. Fez pouco do equilíbrio ecológico e menosprezou os que alertam para o risco à sustentabilidade. Só na primeira metade dos anos 1970, quando muita destruição já havia sido concretizada através da dizimação de florestas, rios, lagos, atmosfera e outros itens do conjunto, é que o mundo começou a se preocupar com a devastação. Até então, os próprios governos eram os maiores destruidores, seguidos das grandes corporações e até de segmentos da própria sociedade, atrás do lucro fácil sem qualquer preocupação com a problemática ambiental. Cidades tornaram-se irrespiráveis, rios morreram e ecossistemas perderam-se. Nos últimos 30 anos, assistimos a ideologização da questão ambiental. Com a mesma força da permissividade destruidora das décadas anteriores, surgiram os movimentos ecológicos radicais, que não representam a verdadeira solução para o problema. Podem até ter conseguido avanços, mas estão longe de atuar dentro dos preceitos da almejada paz social. Fazem a guerra – mesmo que verbal – quando deveriam lutar pela paz. Diz-se que a seca do nordeste brasileiro é resultado da exploração predatória dos portugueses. Atribui-se ao desmatamento e à ocupação indiscriminada os problemas climáticos e hídricos vividos por Santa Catarina e Paraná. Critica-se o fato de haver menos de 3% da mata original em São Paulo. São clichês que mostram figuras trágicas. Existem outros por todo o Brasil, como a desertificação do Rio Grande do Sul, a queimada na Amazônia e a poluição dos grandes centros. O lixo é crucial em todos os centros urbanos, que não sabem o que dele fazer. Há que se encontrar uma fórmula de reaproveitar todos os seus componentes passíveis de reciclagem e encontrar uma destinação segura para os resíduos finais, estes sim, o “lixo” de verdade. Assim como o Brasil, todo o mundo deve atuar sobre o desequilíbrio ambiental. É preciso despolitizar o tema e todas as nações trabalharem concretamente para a retomada do equilíbrio. Afastar de vez o temido risco do aquecimento global e fazer de tsunamis, terremotos e tornados, que ultimamente tem matado tantas pessoas e causado tanto sofrimento e prejuízo, apenas fatores climáticos controlados. Espera-se da comunidade científica muito mais do que as previsões sinistras e catastróficas. Há que se adotar posturas técnicas e sustentáveis. E os governos têm de respeitá-las e fazer os investimentos necessários para o controle e prevenção. Agindo, sempre que possível, antes da tragédia acontecer... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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