Para solucionar o conflito entre pedestres, ciclistas e veículos, na BR-101, optou-se pela instalação de lombadas, nas imediações do bairro da Pedreira, após a morte de um menino de 10 anos, semana passada. Solução esta, de largo uso na região. Usa-se de um factóide, com o claro intuito de empurrar com a barriga um problema que vem se agravando por todo o município de Ubatuba. Para comprovar é só ficar, por alguns minutos, observando ao lado de uma dessas lombadas. Local perfeito para ultrapassagens e rampa de lançamento de motocicletas. Não é raro, também veículos de quatro rodas deixarem o chão. Só servem para reduzir a velocidade daqueles que trafegam com algum respeito às normas. Muitos destes acabam sendo atingidos na traseira ao diminuir a velocidade nos obstáculos. O pior, criam a idéia de segurança nos pedestres! Pior ainda para quem precisa de uma ambulância ou qualquer socorro. Não sei da existência de estatística a respeito de acidentes envolvendo veículos no município mas, pelas notícias, vivemos um momento grave que deve piorar pois, a cada dia, mais veículos incorporam-se à frota da cidade. É visível. A fiscalização continua a mesma. Também é visível. A isto acrescente-se que todos, todos mesmo, tem direitos inalienáveis. Motoristas, aqui incluídos os profissionais, motociclistas e ciclistas só se lembram dos direitos, inclusive daquele de andar na velocidade que quiser, em qualquer lugar, pouco importando a legislação e a sinalização, quando esta existe. Quem anda na velocidade estabelecida é um inimigo a ser vencido, com direito a ser xingado quando ultrapassado. Se for turista então, não tem perdão. Todos tem pressa e sequer lembram que junto com os seus direitos também existem os direitos dos outros a serem respeitados. Quando chega um feriado ou a temporada, a batalha torna-se dantesca. Não ficamos devendo nada aos forasteiros estressados, se não ganharmos, pelo menos empatamos. Andar pela BR-101, partindo do trevo da praia Grande seguindo pela rodovia Oswaldo Cruz, até o bairro do Ipiranguinha, próximo das 7 e 18 horas é uma experiência indescritível. Num dia de temporada, aterrorizante. Sem um programa local, de educação e cidadania, que traga um mínimo de civilidade para o trânsito, ainda vamos chorar muitos meninos, caiçaras e forasteiros. E não existe lombada que faça o serviço. Robinson Ricciardi Sandin sandinarquitetura@uol.com.br
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