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Opinião
15/10/2009 - 05h38
A sucessão paulista
José Nivaldo Cordeiro - Parlata
 

Depois de Ciro Gomes aportar em São Paulo, visando às próximas eleições, convém dar uma olhada no que poderemos ter na sucessão estadual. Tivemos, além da chegada do Ciro Gomes, a debandada do vereador Gabriel Chalita, antigo secretário da Educação do governo Alckmin, que saiu por falta de espaço na legenda do PSDB para postular uma vaga de senador. Foi parar no PSD, junto com Ciro. É claro que Chalita não tem muita chance na sua pretensão, mesmo tendo sido o vereador melhor votado na última eleição. Eleição para senador em São Paulo é pleito demasiado difícil para novatos. Não obstante, Chalita causou uma baixa relevante nas hostes da social-democracia paulista. Ele vem do meio do professorado paulista, um grande colégio eleitoral.

Gabriel Chalita passou-se imediatamente para a base de apoio do PT e de Lula e entrou como peão no tabuleiro de xadrez da sucessão estadual. Vê-se que o intercâmbio entre PSDB e PT (e seus partidos aliados, como o PSB de Chalita e Ciro Gomes) não tem nenhuma barreira ideológica, servindo, as siglas, como sublegendas do Partido (com P maiúsculo), a constelação esquerdista herdeira do antigo Partido Comunista Brasileiro, carinhosamente conhecido por Partidão. O gesto de Chalita enfraqueceu seu padrinho político, Geraldo Alckmin, político a quem o destino ligou de forma decisiva o destino de José Serra. A equação da sucessão paulista pode ser a chave para a vitória ou a derrota de Serra à Presidência da República. Um erro em São Paulo e a equação política se desfaz. O PT jogará no erro do adversário.

Geraldo Alckmin é o candidato natural, por ter vasto apoio na opinião pública (60% de intenção de votos nas pesquisas), baixa rejeição e ter vindo de uma sucessão de eleições que o deixaram com grande recall junto ao eleitorado. Preterir o nome de Alckmin seria um erro político colossal, mas há fortes indicadores de que esse erro está sendo cogitado. A imprensa tem dado conta de que o homem forte de Serra, o ex-guerrilheiro Aloysio Nunes Ferreira, não está medindo esforços para se sagrar, ele mesmo, candidato na convenção, mesmo tendo meros 5% na intenção de votos para governador do Estado. Seu apoio político está no DEM, partido que parece ter aceitado a vocação de lacaio das forças esquerdistas paulistas. Junto com o DEM tem também o PMDB paulista, de Orestes Quércia, partido no qual Aloysio militou e deixou grandes aliados.

Geraldo Alckmin sempre foi um ET dentro da legenda do PSDB. De corte mais conservador, sem história de luta contra o governo militar, ligado à ala mais conservadora do catolicismo, caipira assumido ante o cosmopolitismo de seus confrades, avesso a rompantes populista, Alckmin nunca teve a simpatia de Serra. Sua base de apoio parece se resumir ao que restou a facção de Mario Covas, que a cada ano fica mais minguada. Geraldo Alckmin é um estrela solitária, que vive de seu próprio brilho, do bom governo que executou em São Paulo e da imagem acima de qualquer suspeita que ostenta. Seu perfil político está completamente deslocado dentro da agremiação.

O preço de rifar Alckmin pode custar o Palácio dos Bandeirantes ao PSDB. Uma decisão racionalmente conduzida levará à consagração do seu nome, fechando assim a porta para qualquer aventura de Ciro Gomes ou mesmo de um nome ligado ao PT. O problema são as vaidades e as análises equivocadas dos estrategistas da sigla. Não querem pensar que livrar-se de Alckmin pode equivaler a livrar-se do poder estadual. Não podemos minimizar nem as vaidades e nem os erros nas ações humanas, sobretudo no âmbito político.

José Serra terá que liderar essa decisão e essa decisão selará seu destino no plano federal. Marchar para as eleições sem uma chapa forte no âmbito estadual é suicídio político. Ruim com Alckmin, pior sem ele. O ex-governador é a garantia de uma sucessão tranqüila em São Paulo.

Difícil é imaginar que tal movimentação de Aloysio Nunes Ferreira esteja sendo feita sem o seu conhecimento e sua prévia aprovação. Aloysio é o perfeito número dois, não tem perfil para chefiar o Executivo, é uma espécie de reedição de Ulysses Guimarães, que perdeu quando se submeteu a pleitos majoritários, mas sempre foi cacique partidário. Era um perdedor eleitoral nato. O problema é que não há lugar para experimentos: um erro agora significará não apenas perder o Palácio dos Bandeirantes, como também enterrar as chances de chegar ao Palácio do Planalto. Alguém do esquadrão estratégico de Lula estará infiltrado na coligação PSDB/DEM? Só assim para se compreender um eventual passo em falso dessa envergadura.

Pessoalmente sempre tive grande apreço por Geraldo Alckmin. Governador ou Senador, o povo de São Paulo terá um homem público digno na sua pessoa. Espero que o grupo de José Serra tenha clareza suficiente para não ajudar o PT a ganhar as eleições por culpa de seus próprios erros, eleições que hoje aparentemente estão perdidas para o partido de Lula se as decisões forem corretamente tomadas. Vamos aguardar os acontecimentos.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.

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