As discussões e os debates em torno do futuro do planeta passam inevitavelmente por uma conduta menos agressiva ao meio ambiente, tanto pelas pessoas, individualmente, como pelas empresas, corporativamente, e até pelos países, de forma ainda mais coletiva. Não se pode falar hoje em brecar o avanço do aquecimento global sem colocar na pauta soluções que contraponham essa terrível realidade. Algumas alternativas são bastante recentes como o sequestro de carbono e a correta opção por produtos que não agridam a camada de ozônio, por exemplo. No setor elétrico, uma das medidas mais antigas é o Horário de Verão, implantado pela primeira vez no país em 1935 e cuja adoção ocorre ininterruptamente desde 1985. A economia e utilização racional da eletricidade contribuem para a postergação de investimentos e consolida uma cultura de uso inteligente desse insumo tão valioso. Como das outras vezes, os relógios de milhões de brasileiros devem ser adiantados em uma hora a partir da zero hora do dia 18 de outubro. Desde o ano passado, o início do Horário de Verão tem uma data fixa, ocorrendo a zero hora do terceiro domingo do mês de outubro, se estendendo até o terceiro sábado de fevereiro do ano seguinte, salvo de coincidir com o Carnaval. Nesse caso, o horário dura mais uma semana. Assim, as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, além do Distrito Federal vão modificar seus hábitos para economizar energia elétrica até a meia-noite do dia 20 de fevereiro de 2010. Muito já se falou sobre o Horário de Verão, mas nunca é demais lembrar que a grande proeza da medida é afastar os riscos de sobrecarga no sistema elétrico no período do dia em que se consome mais energia elétrica, um intervalo de três horas no final da tarde e início da noite, que varia de região para região por causa do escurecer diferenciado. Alguns desavisados criticam a economia obtida nos quatro meses da medida, mas o benefício mais contundente refere-se à pulverização da utilização da eletricidade em horários alternativos, afastando a curva de carga nos horários de pico, fortalecendo o sistema. Com o Horário de Verão, a entrada em funcionamento da Iluminação Pública acontece mais tarde, em momento diferenciado, sem coincidir com outras demandas do sistema elétrico, principalmente aquelas ligadas ao consumo residencial. Não há como se negar que essa providência diminui a curva do pico de consumo, deixando o sistema elétrico muito mais seguro. Se fosse apenas por essa peculiar razão, a implantação do Horário de Verão já deveria ser defendida por todos, mas sua adoção acaba contribuindo para a formatação de uma cultura de economia que incentiva a população atingida a utilizar os recursos escassos com mais inteligência e racionalidade. É evidente que além de vários benefícios há ainda a questão que envolve a socialização das pessoas. Além da necessidade estratégica do sistema elétrico sofrer menos riscos, a aplicação do Horário de Verão, de forma sucessiva desde 1985, ajuda na economia de eletricidade e valoriza o aproveitamento da luz natural por mais tempo, privilegiando o lazer e a ocupação das famílias em praças públicas e outros espaços. A firme determinação governamental de continuar mantendo a medida e a grande parcela da população que se beneficia dessa decisão acabou por convencer muitos críticos do Horário de Verão, e hoje a maciça maioria dos brasileiros atingidos aprova e defende sua aplicação. O certo é que há muito mais vantagens que desconfortos, principalmente aqueles ligados à adaptação ao novo horário, situação resolvida em poucos dias. Nota do Editor: Antonio Carlos Cyrino é Diretor de Operações da CPFL Energia.
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