A classe média, hoje tão desprestigiada perante o poder público, é a única responsável pelo seu infortúnio. Omissa, alienada e acomodada, a empobrecida classe média fica encastelada e protegida atrás de grades e muros de suas casas e apartamentos assistindo, dia-a-dia, o seu poder ser exaurido por impostos, custos da educação, segurança e saúde, impingidos por um governo que só privilegia o topo da pirâmide econômica, a classe política a que pertence e os miseráveis cooptados pela ajuda compradora de votos que se tornou o Bolsa Família. Essa classe média brasileira tem como diversão criticar os políticos e a política, mas nada faz para reverter a situação. Critica simplesmente pela crítica, pois em sua grande maioria não se interessa, não se envolve e sequer participa da vida pública. Adora chamar os políticos de corruptos, mas nem consegue lembrar em quem votou nas últimas eleições. Grande parte votou em quem não conhece e jamais se interessou em saber as propostas de quem ajudou a eleger. Um país que não tem uma classe média que se supõe esclarecida e interessada em política e, sim, acovardada e desinteressada, torna-se um campo fértil para os oportunistas de plantão que vêem a política somente como uma profissão e um meio de enriquecimento rápido e seguro. A classe média deve tomar a pulso as mudanças que se fazem necessárias, seja através da reivindicação contundente, indo às ruas, reclamando, denunciando, se engajando politicamente e, principalmente, procurando dar o seu voto para quem tenha um compromisso de campanha, buscando candidatos que acima de tudo tenham uma postura ética, um passado ilibado e propostas concretas possíveis e não somente eleitoreiras. Se a classe média não acordar a tempo de poder dar uma resposta à presente situação, brevemente deixará de existir, legando o Brasil a um bando de incultos, reacionários e desonestos. Acorda classe média! O tempo está ficando cada vez mais curto, mas se for de nossa vontade, nós que somos um pouco mais esclarecidos, ainda conseguiremos reverter a situação, deixando para nossos herdeiros um futuro melhor e para nós, os mais idosos, um pouco de esperança para um fim mais digno do que esse que se apresenta até agora. Nota do Editor: Nicolau Amaral é empresário da área de Comunicação.
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