A morte do jogador Serginho, do São Caetano, causou comoção e espanto. Sempre é assim quando a ordem natural das coisas é invertida. Velhos morrem, jovens são imortais. Um atleta no auge do potencial físico não deve morrer de ataque cardíaco. Entenderíamos se fosse de bala ou vício. Exercícios fortalecem a musculatura, exercícios aeróbicos fortalecem o coração. Como explicar a falha cardíaca que fez cair fulminado o valente zagueiro? A imprensa procura culpados, a polícia faz o que lhe cabe, investiga. Trabalho que não resultará em nada de positivo. Não há culpados, a vida é assim. Morremos, cedo ou tarde morremos. Desde que haja reprodução sexuada haverá morte associada. Organismos unicelulares não morrem, duplicam-se. Num certo momento alguns resolveram que seria melhor agrupar-se em cooperativas, dividir tarefas, especializar-se. Lei da compensação: cessada a fase reprodutiva, o organismo múltiplo não tem mais função, morre, deixa de existir. A morte é um complemento natural da vida, fato que não entra na cabeça dos homens. Vamos morrer um dia, por mais que tentemos evitar, ou mudar de assunto, é certo. Eu, por exemplo, quando chegar minha hora não pretendo estar presente. Para Serginho a hora chegou cedo. Para onde terá ido? A reprodução sexuada é prazerosa, haverá orgasmos na divisão celular? Há reencarnação no mundo miúdo? E padres, rabinos, pastores, psicanalistas, pais de santo? Perguntas que admitem múltiplas respostas, nenhuma delas conclusiva.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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