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Opinião
08/11/2009 - 08h16
Copa do Mundo, Olimpíada e IDH
João Francisco Salomão
 

Um dos primeiros países a emergir da crise econômica, pela qual parece ter passado muito bem, o Brasil vive um momento positivo de sua história. Recebeu o Investment Grade da última agência de risco que ainda não o havia reconhecido e acaba de ganhar a disputa para sediar a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. Somam-se a essas ótimas notícias recentes, a realização da Copa do Mundo de 2014, as descobertas das jazidas de petróleo do pré-sal e o reconhecimento dos organismos multilaterais de que nosso programa de biocombustíveis não coloca em risco a segurança alimentar.

É nesse cenário positivo que o Brasil recebeu, no dia 5 de outubro, a notícia de que também avançou no novo ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas. Conquistou mais pontos e se manteve na categoria de "desenvolvimento humano elevado" (trata-se de um grupo situado entre os "muito elevados" e os "de baixo desenvolvimento"). Com índice de 0,813, ocupa a 75ª posição e não é mais o último colocado nesse conjunto intermediário de nações, mas ainda permanece atrás de algumas latino-americanas, como Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, México, Venezuela e Panamá.

Como os momentos favoráveis não podem suscitar euforia desmedida e empanar a consciência, é prudente entender melhor o conjunto de informações contidas nesse novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O cálculo do IDH é feito a partir do PIB per capita, longevidade média da população e educação (índice de analfabetismo e taxa de matrícula dos estudantes). Esses três indicadores têm o mesmo peso no índice, que varia de zero a um.

Como sabemos, a distribuição de renda no Brasil é ainda muito concentrada, o que distorce de modo significativo o índice relacionado ao PIB per capita. Quanto à educação, a taxa de analfabetismo continua acima de 10%. O número de matrículas é muito elevado, mas há a contrapartida da grande evasão escolar e, o mais grave, da baixa qualidade do ensino público. A expectativa de vida aumenta, mas segue abaixo do que poderia ser, pois são inúmeros os problemas persistentes, a começar pela precariedade da saúde pública e o descaso com as endemias, como a dengue, para a qual é inadmissível ainda não termos uma vacina, depois de tantos anos.

Esta rápida análise dos indicadores do IDH evidencia que o Brasil tem um grande desafio a vencer na conquista do efetivo desenvolvimento. Portanto, é muito importante comemorarmos a conquista da Olimpíada, a realização da Copa do Mundo, a boa performance de nossa economia na crise mundial e até mesmo o avanço no índice de desenvolvimento, mas sem perder a consciência dos problemas a serem solucionados.

Nesse sentido, é premente o combate à criminalidade e à violência, problema cada vez mais agudo. Sem investimentos e medidas eficazes, corre-se o risco de expor o Brasil a situações muito delicadas ante os turistas que aqui virão para assistir à Copa do Mundo e à Olimpíada. Melhorar a segurança pública é uma prioridade nacional! E não apenas nas cidades que sediarão as importantes competições, mas em todo o País, pois se trata de um direito inalienável dos cidadãos. Para se aquilatar a gravidade da situação, basta observar o resultado de pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), na qual foi perguntado quais os três principais problemas que o próximo governador teria de resolver com mais urgência. Eis a resposta: 1º saúde: 25,1%; 2º violência: 17,1%; 3º educação: 13,1%.

Os avanços e conquistas não podem deixar a realidade em segundo plano e tampouco desviar a Nação de suas lições de casa prioritárias, no tocante à reforma tributária, aos gargalos da infraestrutura, à melhoria da saúde, educação e segurança e, sobretudo, na redução das disparidades regionais. Não há prosperidade plena quando subsistem grotões de pobreza e quando os pontos cardeais, ao invés de meros indicadores geográficos, também são parâmetros socioeconômicos.


Nota do Editor: João Francisco Salomão é o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre - FIEAC (salomao@fieac.org.br).

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