Se aquela família americana que simulou o seqüestro do próprio filho por um balão malvado (recebendo a atenção do mundo inteiro junto com uma multa milionária), tivesse a noção de que conseguiriam o mesmo efeito apenas vestindo uma microssaia e indo estudar na Uniban, eles certamente teriam economizado uma boa grana. Muitas vezes é difícil entender como um assunto banal como uma saia ganha o mundo, talvez tenham sido os ingredientes: Uma moça bonita com um vestido chamativo, algo que é uma raridade tanto no mundo islâmico quanto no Brasil, adicione algumas centenas de estudantes com excesso de testosterona inversamente proporcional a sua capacidade mental, junte a isso uma administração institucional que, por exemplo, para tratar de um problema de unha encravada no pé direito provavelmente resolveria amputar a perna esquerda do paciente, e está feita a bagunça (parece que agora eles estão querendo reimplantar a perna na moça, só que no ombro dela). Pensando bem, acho que até mesmo eu poderia embarcar nessa ideia, almejando alcançar em pouquíssimo tempo a divulgação necessária para meu livro, já que os últimos anos de esforço e dedicação como escritor não trouxeram sequer um fragmento do ibope alcançado por esse fato (para quem não sabe, sou o autor do livro “Hoje é seu aniversário – prepare-se”, uma obra que apesar de não tratar do mesmo assunto dos livros da Bruna Surfistinha, também é cheia de gozação, com pitadas de humor sem muito pudor, disponível nas livrarias Saraiva, Cameron e pelo site da editora AGE – Merchandising é importante quando não se tem uma saia curta). Falando em saias minúsculas, tem uma frase (possivelmente de caminhão) que diz algo mais ou menos assim: “Mulher de minissaia é o mesmo que cerca de arame farpado: cerca a propriedade, mas não tapa a visão” (o que isso tem a ver com o texto? Não sei, mas gostei da frase). O que estarrece neste caso todo, é quando nos damos conta de que para fazer a sociedade parar um pouco para debater sobre a educação, é necessário que alguém curta sair de saia curta para estudar. Outro fator que chama a atenção é de toda esta polêmica acontecer justamente em um País que praticamente criou o termo: “Fio dental mínimo”, que não é uma redundância, mas simplesmente a capacidade de se utilizar nada mais do que apenas o tecido da etiqueta para confecção de uma peça de vestuário de praia. Como aqui na terrinha tudo que acontece de errado, acaba sendo culpa do Silva mais famoso do Brasil, acho que a tal saia por ser de cor vermelha (mesma cor utilizada nas touradas para enfurecer touros daltônicos), poderia ser associada ao presidente, e usada por aqueles que tentam colocá-lo em uma saia justa, tentando incriminá-lo pelos problemas ocorridos em torno da sainha ainda mais justa da jovem loira de São Paulo. Acho até que surgirão provas que, de alguma forma inexplicável, o episódio da saia foi que descambou no apagão geral, tudo por culpa do Lulinha. Enfim, em uma nação onde pessoas cursando o nível superior armam barracos por causa de uma simples indumentária, fico pensando que se um dia nosso presidente caminhar sobre as águas, vão acusá-lo de não saber nadar. Nota do Editor: Antonio Brás Constante (abrasc@terra.com.br) é escritor.
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