"Aja sempre segundo um princípio que você gostaria que se tornasse uma lei universal". Immanuel Kant

Esta frase aponta a resposta para muitos dos males que assolam nossa sociedade. De uma forma simples, ela resume o que precisamos ensinar aos nossos alunos, futuros profissionais deste país: o agir de forma ética. Mas, qual o seu significado e, principalmente, o que ganhamos com isso?

Tem assunto mais atual que este? A palavra ética tem estampado manchetes em todos os grandes jornais e, na maioria das vezes, é utilizada com tanta naturalidade que não nos perguntamos qual o seu significado e, principalmente, qual a sua verdadeira importância para as nossas vidas. E tudo fica mais fácil quando entendemos sua simplicidade filosófica e seu aspecto mais prático.

Não ministro aulas de filosofia, mas, como redatora, trabalho com os mais variados conteúdos para clientes da área da educação e acabo aprendendo muito e, como professora, sempre que pertinente ao objetivo da matéria, promovo um debate sobre ética na profissão e na vida com base nos conceitos filosóficos aplicados em nosso dia-a-dia.

De uma forma geral, a palavra ética é utilizada como sinônimo de moral em decorrência de suas origens em dois vocábulos diferentes, um herdado do latim (moralis: modo de fazer, comportamento, hábito) e outro do grego (ethikós: caráter, costumes, usos), oriundos de sociedades percussoras do pensamento filosófico.

Porém, Yves de La Taille, autor do livro Moral e Ética (vencedor do prêmio Jabuti 2007), aponta diferenças na forma de usá-las. Para o autor, moral corresponde à pergunta: "como devo agir?" e à reflexão ética cabe responder: "que vida eu quero viver"?

Para ficar mais claro, La Taille afirma que a reflexão ética é o que nos permite sair de impasses morais. Como é correto agir neste momento? Qual ação me auxiliará a atingir o meu propósito, sem causar danos à outra pessoa?

Assim, cabe à reflexão ética, também, questionar a moral. Isso mesmo! A moral de uma pessoa, família ou grupo de pessoas é formada pelos usos e costumes transmitidos de geração em geração. Sendo assim cabe à ética questionar certa moral pela busca do bem coletivo.

Segundo La Taille, "ética deve traduzir um projeto de felicidade no qual outrem tem lugar". Ou seja, a reflexão ética tem e força de questionar um senso moral, colocando a felicidade e o bem coletivo como essenciais ao bem-estar individual.

Aceitar com naturalidade atos tais como, furar fila, voltar a quilometragem de automóveis para vendê-lo como menos rodado, jogar lixo nas ruas e a tolerância para com o roubo dos cofres públicos ou uso de poder para benefícios pessoais são valores morais que podem e devem ser questionados em uma grande discussão ética.

Desta forma, podemos concluir que formar profissionais éticos é formar jovens com a percepção de que as regras e as Leis existem para o bem comum, inclusive e, especialmente, para o nosso próprio bem e por esta razão devem ser respeitadas e, ainda, criar seres humanos capazes de questionar a moral, os hábitos e costumes de nossa nação e, porque não dizer, de nossas organizações, que possam ferir princípios de respeito aos demais.

Transformar um estudante em profissional é, também, dar a ele a orientação e, principalmente, a percepção de que o melhor para este país é que seus cidadãos possam ser capazes de fazer escolhas que tornem nossas empresas e organizações mais éticas.

E isso se torna cada dia mais essencial, pois, vivemos em uma sociedade que vem exigindo mais respeito e transparência, onde os consumidores estão optando por produtos, marcas e empresas que mantenham suas promessas, sejam verdadeiros em sua comunicação, não agridam o meio ambiente e, que, essencialmente, não busquem atingir seus objetivos em troca de prejudicar os demais. Enfim, por empresas e profissionais capazes de realizar projetos onde o bem coletivo tenha lugar.

Nota do Editor: Luciene Ricciotti Vasconcelos atua, desde 2000, como consultora de comunicação e marketing. É autora de Mark-Óbvio (Summus), indicado para Prêmio Jabuti 1998 e Planejamento de Comunicação Integrada (Summus, 2009). Professora universitária das disciplinas Planejamento de Comunicação, Marketing III, Atendimento e Tópicos de Marketing da ESAMC Santos. Foi colunista da TV Alphaville. Ministra palestras e dá treinamentos, além de ser colaboradora, editora e cronista de diversas publicações empresariais e culturais. E-mail: luciene.ricciotti@esamc.br.