28/08/2025  02h01
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
22/11/2009 - 08h12
Vestidinho cor-de-rosa da fama
Aroldo Pinheiro
 

O que motivou centenas de estudantes na perseguição a Geisy Arruda pelos corredores da Uniban? O curto vestido cor-de-rosa? Quase toda mulher de 20 anos usa vestidos tão ou mais curtos que aquele. O comportamento da moça? Mas que comportamento? Ela simplesmente foi à faculdade vestindo o que achou que deveria vestir. A beleza e as formas da acadêmica? Geisy não é tão bela e suas formas deixam a desejar.

Culpa do inconsciente coletivo? Sim. O inconsciente coletivo pode ter desencadeado a turba. Alguém grita: “Olha lá!”; outro diz: “Que coisa!”; um terceiro, pra não ficar fora do contexto, comenta: “Um absurdo”; quatro ou cinco, ali perto, se levantam fazendo troça; trinta, da sala em frente, vêem o movimento, olham para onde os outros olham e alguém exclama: “É puta!”.

Pessoas que estão pelos corredores engrossam fileiras. Alunos, com celulares e câmeras fotográficas saem das salas de aula. A pressa de colocar o “furo” no YouTube está na cabeça oca dos jovens universitários. Professores, pegos de surpresa, não entendem o que se passa. A galera se agita.

Agora são centenas. Homens e mulheres apedrejam Geisy moral e socialmente. Sem saber do que se passa por ali, muitos, andares acima e abaixo, gritam, xingam, sacaneiam. O importante é participar da bagunça.

Alguém alerta a mocinha do curto vestido cor-de-rosa: “Não saia do banheiro”. A turba grita: “Aparece! Aparece!” Dois jalecos surgem para cobrir o corpo de Geisy. Policiais fazem cordão de isolamento para prevenir possíveis agressões contra a estudante. Agora, é impossível conter a multidão.

Se alguém tivesse gritado “mata!”, Geisy poderia estar morta. Coisas da modernidade e do inconsciente coletivo.

A direção da Uniban, apressadamente, resolveu punir a acadêmica. Punir Geisy, vítima de humilhação e linchamento moral. Voltou atrás. O fato ganhou manchetes de jornais pelo mundo afora. O assunto está na mesa de todos os brasileiros. Geisy tornou-se celebridade e é entrevistada pelas grandes redes nacionais de televisão. Não demora, a acadêmica contrata assessor de imprensa.

Enquanto se discute “quem é culpado de quê”, Geisy torna-se mais uma pseudocelebridade. Revistas fazem proposta para a estudante posar nua (Dá-lhe PhotoShop!), emissoras de televisão estudam a possibilidade de convidá-la para reality shows (Precisam de alguém para mostrar inocuidades). Como previu o artista americano, Andy Warhol: “Um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama".

Depois que a poeira sentar, Geisy vestirá o polêmico e, agora, surrado vestido rosa, e, ao passar pelas ruas, receberá assovios e comentários de famintos e impertinentes peões de obra. Só.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.