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Opinião
07/12/2009 - 05h25
O "Mensalão" do DEM
Rodrigo Constantino - Parlata
 

Os novos escândalos em Brasília suscitam reflexões sobre o sistema político totalmente podre no país. O governador José Arruda foi pego num profundo esquema de corrupção. As imagens dos vídeos, ao contrário do que afirma o presidente Lula, falam por si só. Não há como negar fatos tão escancarados. Ou Arruda era chefe de uma quadrilha, ou fazia parte dela, de forma passiva. A desculpa esfarrapada de que o dinheiro servia para comprar panetones para crianças carentes ofende o bom senso daqueles que ainda o possuem nesse país. O Brasil virou mesmo um grande circo, e os palhaços somos nós!

O primeiro ponto a ser abordado é o estágio de metástase que o câncer da corrupção chegou no Brasil. Todos os grandes partidos parecem verdadeiras máfias organizadas, com as metas de chegar ao poder, desviar recursos públicos e se perpetuar na mamata. Como explicar milhões gastos em campanhas para receber um salário de poucos milhares? Haja altruísmo! Claro que a realidade é outra: a política virou um negócio lucrativo para mafiosos. Gente inescrupulosa é atraída para a política para “se dar bem” à custa dos nossos impostos. Eis a verdadeira luta de classes existente no país: de um lado consumidores dos impostos, e do outro os pagadores. Quando as vantagens de ser um parasita são grandes demais, o resultado é cada vez menos hospedeiro pagando a conta.

Os principais partidos estão cada vez mais parecidos. O PT teve seu esquema nacional de “mensalão”, o PSDB teve o seu em Minas Gerais e agora o DEM apresenta sua versão no Distrito Federal. Iludem-se aqueles que sonham com a chegada de um novo partido “diferente de tudo isso que está aí”, formado por santos honestos e preocupados somente com o “bem-geral”. A política é um jogo sujo, e acaba atraindo os piores tipos. Claro que existem exceções, mas esse “jogo democrático” não passa de uma guerra pelo poder, onde os fins justificam quaisquer meios. Alguém realmente acha que o PV de Marina Silva seria tão diferente no poder? Alguém acredita que Ciro Gomes mudaria tudo isso?

A mudança não vai ocorrer através do próprio meio político, com a tomada de poder pelos “bons revolucionários”. O corporativismo dessa gente é de assustar. Mesmo políticos “concorrentes” ficam receosos nessas horas, tímidos nos ataques, sem demandar medidas drásticas e imediatas, justamente porque sabem que amanhã podem ser eles no vídeo. Todos têm rabo preso. Além disso, parece paradoxal esperar um grande programa de redução do poder político através da conquista do próprio poder político. Não é por aí que vem alguma mudança estrutural. Mas de onde ela virá então?

Eis onde surge a importância da luta no campo das idéias. Somente mudando a mentalidade da maioria das pessoas poderemos mudar essa realidade lamentável. Educando as massas, enfim! Mas não através do próprio governo, naturalmente. Como esperar educação liberal, de boa qualidade, que estimula um olhar crítico, justamente através daquele interessado em manter o povo na completa ignorância? O governo tem interesse em manter o povo refém, reverenciando o próprio governo como uma espécie de deus. Somente quando esta mentalidade mudar haverá menos escândalos de corrupção. Afinal, esta é diretamente proporcional à concentração de poder e recursos no governo. Quando o sucesso de uma empresa depende da canetada de um burocrata, parece lógico que a corrupção será fomentada. É preciso retirar o governo da economia!

Outra causa importante da corrupção é a impunidade. Uma reforma no Judiciário é fundamental, para reduzir a morosidade dos julgamentos. Acabar com os privilégios dos políticos também é primordial para evitar que tudo acabe em “pizza”. Mas, novamente, isso só será viável através da mudança da mentalidade das pessoas. Enquanto os eleitores votarem nos políticos corruptos porque recebem migalhas em troca, porque estão satisfeitos com a economia etc., o recado será perverso: a imoralidade não tem custo. É preciso dar um basta a isso, eliminar da vida pública aqueles que, pelo menos, foram pegos roubando. Isso não vai garantir que os novos eleitos sejam honestos, pelos motivos expostos acima. Mas ao menos será um recado um pouco mais duro para os que foram pegos com a boca na botija. O recado das urnas já é um começo.

Por fim, os liberais só têm a agradecer pelo fato de o PFL ter mudado de nome para DEM. Nessas horas fica mais claro porque o movimento liberal deve ser apartidário, lutando principalmente no campo das idéias. Um partido como o DEM não deve mesmo usar o termo “liberal” em sua sigla. O que César Maia tem de liberal, por exemplo? Qual o programa do DEM que realmente defende valores liberais? Nós, liberais, não queremos ligações com fisiologistas de “direita”, que pregam concentração de poder no governo.

Claro, o DEM pode abrigar algumas pessoas sérias e até com genuíno viés liberal. Até torço para que essas pessoas consigam expulsar os velhos caciques do partido e mudar sua cara. Mas qual a probabilidade real disso? A esperança é a grande falsária da verdade! Não parece mais provável que essas pessoas sérias é que serão eliminadas do partido? Infelizmente, sim. Por isso, quando me perguntam por que não entro para a política, respondo que não toleraria o seu jogo sujo, e por conseqüência não sobreviveria por muito tempo nela (ou literalmente). Prefiro tentar mudar alguma coisa através de artigos como esse. É mais saudável para minha saúde física e mental.


Nota do Editor: Rodrigo Constantino é economista formado pela PUC-RJ, com MBA de Finanças no IBMEC, trabalha no mercado financeiro desde 1997, como analista de empresas e depois administrador de portfólio. Autor de dois livros: Prisioneiros da Liberdade, e Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT, pela editora Soler. Está lançando o terceiro livro sobre as idéias de Ayn Rand, pela Documenta Histórica Editora. Membro fundador do Instituto Millenium. Articulista nos sites Diego Casagrande e Ratio pro Libertas, assim como para os Institutos Millenium e Liberal. Escreve para a Revista Voto-RS também. Possui um blog (rodrigoconstantino.blogspot.com) para a divulgação de seus artigos.

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