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Opinião
10/12/2009 - 10h00
A corrupção como espetáculo
Altamir Tojal - Observatório da Imprensa
 

Não dá mais para tolerar a impunidade. O grito dos estudantes em Brasília, "Arruda na Papuda, PO no xilindró", ressoa o sentimento geral de que ficou insuportável a convivência com o deboche dos corruptos e com a lição repetida de que o crime compensa.

Estamos no apogeu da repercussão desse novo caso de corrupção política, que se revela antiga e metastática no Distrito Federal e que repete outros escândalos recentes.

Todos sabem quem é o Arruda do slogan, o governador José Roberto Arruda, maior expoente do DEM no país. Não é a plantinha medicinal. E, graças à exposição na mídia, mesmo os mais desinformados aprenderam que PO é o vice Paulo Octavio e que Papuda é o presídio de Brasília.

Com a corrupção tão incrustada e espalhada nos três poderes, em todas as esferas de governo, a imprensa faz a sua parte, mas não dá, nem pode dar, cabo da impunidade. A imprensa noticia, esfrega a corrupção na nossa cara, mas os criminosos continuam soltos. E mandando. Sem punição, a corrupção é banalizada e se naturaliza. É mais um espetáculo do dia-a-dia, reality show, novela televisiva. As temporadas se sucedem. Alguns personagens saem do ar por uns dias e voltam. Outros, nem isso. Seguem assíduos no estrelato do poder.

Vender proteção a políticos "ficha suja"

A execração pública não basta, não é castigo para essa gente, que se vale disso para apregoar a irrelevância do jornalismo. "Quem elege o governante não é quem lê jornal, é quem limpa a bunda com ele", diz em uma de suas gravações Durval Barbosa, operador, conselheiro e algoz do governador do Distrito Federal. Ou, como disse há pouco o deputado Sérgio Moraes, questionado por jornalistas sobre o seu parecer contrário à cassação de outro deputado, Edmar Moreira, o do castelo de São João Nepomuceno: "Estou me lixando para a opinião pública. Até porque a opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Vocês batem, mas a gente se reelege."

E assim se reproduz a nossa política, independentemente de matiz. É o eterno retorno do mesmo.

É patética a hesitação do DEM em expulsar do partido o governador Arruda e vergonhosa a omissão com relação ao vice PO e aos demais quadros envolvidos no novo mensalão. E o que dizer do comentário do presidente Lula de que "a imagem não fala por si"?

Ah, sim! Tem de haver defesa dos acusados e julgamento. Mas a nossa justiça...

Há duas semanas, o desembargador-corregedor do Rio teve de se afastar do cargo sob suspeita de vender proteção a políticos "ficha-suja". Claro que foi graças a uma série de reportagens. Os mensaleiros do PT e do PSDB estão sendo julgados, mas gozando da impunidade a perder de vista, garantida por artimanhas jurídicas e pela morosidade dos processos.

Superar a lógica do espetáculo

Desta vez, porém, parece que a abundância de imagens e falas documentadas do escândalo da hora, veiculadas repetidamente, reforça o clamor por punição de verdade e já, a começar pelo imediato ostracismo partidário, perda de mandatos e mesmo detenções preventivas.

A imprensa não pode ocupar o lugar da justiça, nem do parlamento, nem dos partidos, mas tem de avançar no seu papel, no que lhe cabe. É a instituição que mais combate e expõe os crimes do poder. Não é por acaso que alguns governos do nosso continente, e mesmo o nosso, a têm como alvo. Querem controlar os jornalistas e a mídia e, claro, continuar praticando sua política viciosa.

Para não dar razão aos profetas da irrelevância do jornalismo e não capitular aos que sempre querem subjugá-la, a imprensa brasileira tem o desafio de superar a lógica do espetáculo na cobertura da corrupção, de sustentar essa pauta mesmo que a audiência pareça cansada, de não deixar esquecer nome algum, nem deixar de cobrar o julgamento e o justo castigo a cada bandido do poder.


Nota do Editor: Altamir Tojal é jornalista e escritor.

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