Uma vez o poeta gaúcho Mario Quintana disse que “o maior problema é que nunca ninguém tem nada com isso”. Frase que pode ser comparada com outra de Martin Luther King Jr.: “o que assusta não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos justos”. Falo aqui de um problema pouco perceptível a um olhar pouco atento: a omissão. Não concordar, nem discordar para não se incomodar. As pessoas simplesmente não acham nada de nada. Simplesmente não têm opinião. Vivem a fazer a si mesmos a pergunta “e o que eu tenho com isso?” O brasileiro é um povo cheio de vida e de energia, mas é manso demais quando o assunto é se incomodar e brigar por uma causa, exigir seus direitos, reclamar quando estão sendo explorados. A exemplo disso, ouvi uma vez uma professora: “apoio a greve, mas não faço”. O povo quer o benefício, quer a vitória, mas não quer lutar por ela. Os pais praticantes da pergunta “e o que eu tenho com isso?” têm mandado para escola filhos com a necessidade de aprender do zero, desde o “bom dia”, o “por favor”, o “obrigado”, a gentileza, o diálogo, a base de toda a educação. A escola que antes se preocupava com a matemática e o português hoje deve também passar para os pequenos cidadãos a serem humanos dentro da sociedade. Os profissionais praticantes da pergunta “e o que eu tenho com isso?” criam ambientes de trabalhos insuportáveis, onde não há confiança entre os colegas e muito menos entre a equipe e administradores das empresas. As pessoas não têm a coragem de ousar para crescer profissionalmente ao mesmo tempo em que se cansam de ficarem estáticas na mesma posição a vida toda ficando frustradas e infelizes. “E o que eu tenho com isso” é sintoma na boca da pessoa que está infectada pela doença da omissão. Uma pergunta que é o nosso dever perseguir e eliminá-la de nosso vocabulário. Ou melhor, substitui-la por outras que são simples, mas que farão toda a diferença na prática diária tais como “o que posso fazer para me tornar melhor hoje?”, “quem devo eu fazer mais feliz hoje?” “como posso contribuir para que meu trabalhe se torne um pouco mais agradável?”
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