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Opinião
12/12/2009 - 17h20
Insegurança alimentar
Renato Araújo - Pauta Social
 

É com pesar que chegamos à marca de 1 bilhão de pessoas passando fome no mundo. Em estudo divulgado pela FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, somente na América Latina e Caribe 53 milhões de pessoas sofrem de fome crônica. Este estado mundial é reflexo de nossas escolhas, nosso modelo de desenvolvimento deve ser revisto. A produção de commodities e não a de alimentos é que impulsiona a economia de países como o Brasil.

Em meados dos anos 60 e 70 passamos pela chamada Revolução Verde, com a promessa de aumentar a produtividade e a diminuição do manejo. Sim, aumentamos a produção e trocamos o manejo tradicional para manejos químicos e hoje temos cada vez mais a dependência dos pequenos e médios agricultores das grandes transnacionais.

A biotecnologia, maquinaria pesada e uso de fertilizantes e agrotóxicos levou a uma verdadeira crise no meio rural. Uma crise ecológica, que abrange o social e o ambiental. O vínculo que essa metodologia de cultivo produz é doentio. Como é no caso dos transgênicos, onde o agricultor é convencido que terá maior produção e rentabilidade se cultivar monoculturas de uma semente modificada geneticamente. O grande problema em questão não é a tecnologia em si, mas sim os efeitos socioambientais que são gerados por este sistema. Em reação a isto, no dia 21 de outubro, foi realizada uma manifestação no centro de Porto Alegre para marcar o dia nacional de luta contra os transgênicos.

A questão da segurança alimentar é de fundamental importância para a estratégia de uma nação. Nosso atual modelo de desenvolvimento agrícola se concentra na produção de grãos para exportação, e não alimento para a população. O sistema da agroindústria utiliza grande quantidade de insumos químicos, onde segundo estudo da consultoria alemã Kleffmann Group, o Brasil já é o maior mercado de agrotóxicos do mundo. Este atual modelo de agricultura não está sendo capaz de resolver o problema da fome crônica no mundo, além de estar causando um novo êxodo rural, condensando as terras nas mãos de grandes corporações transnacionais, vejo que temos que adotar outra postura.

Já estão sendo desenvolvidas diversas experiências no campo da agricultura ecológica ou regenerativa, e uma teoria que traz um alento para este modelo de cultura é a trofobiose. Em estudo feito por José Lutzenberger, as plantas cultivadas em um solo sadio, com vitalidade, não sofrem os mesmo ataques de "pragas" como no sistema de monocultivo com o uso de insumos químicos. Esta teoria propõe que os aditivos químicos como os adubos (sais solúveis concentrados) e os agrotóxicos, alteram a síntese de proteínas das plantas, causando uma desarmonia no metabolismo do vegetal. Sendo assim, elas se tornam doentes e carregadas de aminoácidos livres, açucares e nitratos. Estes são os alimentos preferidos de fungos, bactérias, ácaros, nematóides e insetos. Em um sistema agrícola manejado de forma ecológica o solo possui fundamental importância.

Na agricultura moderna o solo é apenas um suporte para a cultura produtiva. Técnicas simples como adubação verde, que consiste no cultivo de plantas como gramíneas, leguminosas, ervas nativas, arbustos ou árvores que enriquecem o solo com nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre e micronutrientes, junto com a adubação mineral com produtos de solubilidade lenta, como pó de rochas e restos de mineração, aliados a adubação orgânica, que é o uso de esterco curtido, compostos fermentados, cobertura morta, junto com o uso de defensivos naturais formam um sistema de cultivo que não pode ser patenteado por nenhuma grande, média ou pequena empresa. Estas técnicas representam a liberdade do agricultor. Além de cooperar com a Natureza, tais métodos podem ser uma alternativa para o pequeno e médio agricultor se manterem no campo de forma justa e digna, e assim cultivarem alimentos saudáveis para a população mundial.


Nota do Editor: Renato Araújo é ecologista gaúcho formado em técnico em Meio Ambiente pela Associação de Cristão e Moços (ACM), integrante do Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente (Mogdema) e voluntário da Fundação Gaia - Legado Lutzenberger.

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