Pode até soar como precipitação para muitos, mas não é. O próximo ano é fundamental para o Brasil iniciar, finalmente, as obras para a Copa de 2014. Até agora, muito se discutiu: projetos foram apresentados, comissões na Câmara dos Deputados e no Senado foram criadas, mas, de concreto, pouca coisa aconteceu. Em 2010, faltarão menos de quatro anos para a realização da partida de abertura do maior evento futebolístico do mundo; porém, nem é essa data que precisa ser trabalhada, afinal, em 2013 acontecerá a Copa das Confederações em solo brasileiro, já com parte da estrutura do Mundial. Ou seja, estamos atrasados com o cronograma, por mais que as autoridades e a CBF insistam em negar. Tenho defendido a viabilização de Parcerias Público-Privadas como uma solução para o pontapé inicial das obras desde o anúncio oficial da escolha do Brasil, em outubro de 2007. Afinal, o sistema público brasileiro é extremamente lento, parado em entraves burocráticos e passível de corrupção fácil – como a história e, infelizmente, o presente nos comprovam. Para tanto, é preciso que o Governo comece a se mexer já, para possibilitar que estudos sejam realizados e as licitações aconteçam abertamente. O setor privado já demonstrou interesse em participar de diversas obras da Copa – desde a construção de estádios até a revitalização de serviços públicos, como as rodovias –, mas precisa de um sinal claro de que tudo será tocado de maneira séria e competente. Nenhum projeto de estádio até agora saiu do papel. Em Campinas mesmo assistimos a uma obra fundamental para o torneio se esvair com o tempo. O Trem de Alta Velocidade (TAV), prometido para 2014, já não deve mais ficar pronto até a data. Somente para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro – isso se o tempo não continuar sendo um “rival” da competência dos brasileiros. Enfim, é preciso deixar as palavras de lado e passar para ações concretas em 2010. Os governantes de todas as cidades envolvidas com o Mundial precisam assumir a responsabilidade e agir de maneira eficaz e inteligente. O mapeamento, por exemplo, de todas as obras que precisam ser feitas em determinada região é fundamental. A partir daí, a viabilização dos estudos e projetos de implantação, passando pelas licitações e concessões ambientais. Há muito para se fazer. Não podemos mais ficar parados. É preciso dar o grande exemplo para o mundo de que somos capazes de organizar o maior evento de futebol com competência e transparência. E não são somente os governantes ou dirigentes da CBF e do Comitê Organizador da Copa que precisam agir (por mais que a maior responsabilidade seja deles). A sociedade e os empresários interessados no assunto têm de demonstrar interesse e cobrar para que a roda ande. Ao contrário, andaremos em uma roda quadrada muito em breve. Nota do Editor: Igor Furniel é diretor executivo da Actuale, especializada na viabilização de Parcerias Público-Privadas. E-mail: ifurniel@gsnweb.com.br.
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