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Crônicas
17/12/2009 - 07h01
Culinária avançada: a comida vegetariana
Vany Grizante
 

Em primeiro lugar, vamos esclarecer os termos: alguém já teve a curiosidade de checar, no cardápio da pizzaria, alguns sabores de pizza dita vegetariana? Muitas vezes consta lá: brócolis, molho de tomate, queijo cremoso e... bacon. Ou então: escarola refogada com alho, mozzarella e... bacon. Nada contra o bacon, porém que eu saiba, o tal toucinho defumado vem da barriga de um porquinho morto, e porcos costumam ser animais. Não conheço porcos verdes – e aqui vou evitar fazer qualquer óbvia associação com chistes futebolísticos, mesmo porque o Palestra Itália ainda ocupa um lugarzinho meio escondido em meu coração.

Há uma confusão estranha entre comida natural e comida vegetariana, mas uma coisa nada tem a ver com outra. Eu diria que a comida vegetariana normalmente é natural, mas a comida natural pode não ser vegetariana. Vamos em pedaços: Porcos são seres da natureza, portanto naturais. Vacas também. Então, pode-se aceitar como sendo “natural” um prato caseiro de arroz, feijão, salada e bife... Porém alguns lugares que vendem os chamados sanduíches naturais, os fazem com pão de forma (industrializado), alface, tomate, peito de peru e maionese. A não ser que o peru tenha sido criado à base de milho orgânico e simplesmente assado e fatiado, e a maionese tenha sido feita com ovos e óleo num liquidificador caseiro - ambos sem corantes ou conservantes -, não considero este sanduíche tão natural assim.

O que considero comida vegetariana são aqueles pratos que não levam nada animal em seu preparo, além é claro das mãos do cozinheiro e uma ou outra eventual mosquinha que porventura possa ter tido o azar de passar por sobre a panela na hora e no local inadequados. Os vegetarianos usam uma regra simples para conduzir sua preferência gastronômica: não comer nada que tenha rosto. Ainda bem que se fala em rosto, e não apenas em olhos, porque senão seriam automaticamente excluídas da dieta as batatas. E talvez os abacaxis.

Deixando as abobrinhas de lado (ainda que elas não tenham olhos, e por isso podem ser degustadas sem problemas), há vários tipos de vegetarianismo: por exemplo, os ovo-lacto-vegetarianos não consomem carne mas incluem em sua dieta ovos e leite; os lacto-vegetarianos descartam o uso dos ovos mas consomem leite; e há os vegans, que não consomem nada de origem animal, incluindo mel e gelatinas. Para estes, não se trata apenas de um hábito alimentar, mas de um estilo de vida, já que evitam inclusive o uso de objetos ou produtos que têm origem animal, como artefatos de couro e tecidos de lã ou seda. Fico imaginando que talvez estes vegetarianos radicais nem sequer se reproduzam, por motivos óbvios.

Ironias à parte, sou adepta da culinária vegetariana e dos alimentos naturais. Desde que aprendi a me alimentar de forma saudável, só tenho visto (e sentido) benefícios em minha saúde e na dos meus filhos. Porém sinto-me na obrigação de confessar um ato falho...

Pois é, só não sou uma vegetariana de carteirinha por conta de duas proibitivas aberrações culinárias que me tiram do sério: o salame e o torresmo. Ainda bem que são absolutamente eventuais em minhas refeições. Afinal, não deve haver nada menos natural do que um embutido de carnes indefinidas, com conservantes suficientes a ponto de tornar o alimento quase eterno... ou então um petisco saturado de gordura saturada, que nada mais é do que um pedaço de pele e gordura suínas com queimaduras de terceiro grau - e às vezes sem depilação...!


Nota do Editor: Vany Grizante (vanygriz@gmail.com) é arquiteta e escritora em São Paulo, SP. Escreve no site "Recanto das Letras" desde 2007. Publicou o livro "Abelhas sem Teto e outras crônicas" pela Editora All Print e participou da coletânea "Universo paulistano vol. II" da Editora Andross, ambos em 2010. Sua tese de mestrado sobre ambiente de trabalho na indústria encontra-se disponível para download no site: www.teses.usp.br.
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