Diz um ditado: “Quando o diabo fecha uma porta, Deus abre uma janela!” Ocorre que, de vez em quando, parece que o quarto só tem portas, tocas trancadas “às sete chaves”. É que o diabo, apesar de viver em meio ao fogo, age melhor na escuridão. Mas nem toda escuridão é necessariamente ausência de luz. Não raro, ela vem sob forma da tenebrosa falta de perspectiva de múltiplas portas fechadas, que impedem que novos caminhos sejam trilhados; numa escravidão psicológica que mina a autoestima e conduz à apatia, à depressão, àquela sensação de que no fundo do poço ainda pode ter areia movediça ou uma pá; de que a luz no fim do túnel é um trem no contrafluxo. Aí, dizem: “A esperança é a última que morre”. Isso pode querer dizer que a gente morre antes... E mesmo que a gente sobreviva, é preciso ter “paciência de Jó” para suportar o prazer sádico que alguns seres humanos – se é que merecem essa definição - demonstram ao prejudicar profissionalmente, fisicamente, psicologicamente ou até a saúde do semelhante. É certo que nem tudo na vida é um “mar de rosas”, e que algumas rosas têm mais espinhos do que beleza. Afinal, o mal é mestre na dissimulação! Pessoas assim, diabólicas, transformam a vida dos outros num inferno, pois seu “paraíso” é o caos e a mentira, seu dogma. “Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”, também nos remete à esperança em dias melhores. No entanto, quão frustrante é constatar que o mal pode vir de onde se esperava o bem! E como é triste saber que existem pessoas que só vêem o que querem: juízes de seu bel-prazer; ditadores sem medidas, investidos de um poder que não merecem e nunca permitem que seja questionado; pseudo-paradigmas de uma justiça que torna favor o que é de direito; que propala sua “majestade” e “sapiência”, mas é literalmente cega, por nada enxergar. O mundo da mediocridade é assim, cheio de portas trancafiadas, obscuro, sem esperança para quem não se submete a ele. Nele a corrupção reina absoluta e as aparências só enganam quem se deixa iludir. Quem não se engana sofre de várias formas, acorrentado como Prometeu. Esse reino enriquece quem não merece e, para perpetuar-se, fecha as portas e aferrolha as janelas, para tentar cegar e sufocar os que dele querem sair. Ironicamente, seus “reis” e “nobres”, diabretes enrustidos ou declarados, quando confrontados com o mal que causam, ainda dizem que “há males que vêm para o bem”, como se prejudicar os outros fora um ato de bondade. Embora carrascos, querem que suas vítimas lhes agradeçam! Paciência tem limites! Perseverança também. As pessoas as têm em medidas diferentes, que quando ultrapassadas são imprevisíveis. Revoluções e contrarrevoluções foram feitas assim e muita coisa boa e má foi destruída em função delas. Não precisaria ser assim, se as pessoas simplesmente soubessem reconhecer seus limites em vez de só impor restrições aos outros, por medo de expor sua “real” condição. Mas também há um ditado que diz: “O que é meu a mim há de vir, por força da natureza”! Também dizem que Deus permite que dificuldades - dentre elas esse tipo de pessoas - aconteçam em nossa vida, como forma de nos testar nossas convicções. Então, que Deus nos dê paciência, perseverança, saúde, meios e força para cavar túneis onde a intolerância e a insensibilidade de outrem insistem em obstruir portas e janelas. Nota do Editor: Adilson Luiz Gonçalves é mestre em educação, escritor, engenheiro, professor universitário (UNISANTOS e UNISANTA) e compositor. E-mail: prof_adilson_luiz@yahoo.com.br.
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