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Opinião
24/12/2009 - 16h10
A grande dívida social
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A morte do menino Isaac, vitimado pela leptospirose – doença provocada pela urina dos ratos – é um triste atestado de que, apesar de todo o avanço, ainda vivemos no tempo da pedra lascada. A poucos quilômetros dos pontos onde estão instalados os mais sofisticados equipamentos médicos do país e atuam os profissionais da mais alta especialização, realizando procedimentos da mais elevada complexidade, uma criança morre de um mal conhecido há mais de um século. E ainda existem dezenas de outros casos suspeitos, que também podem levar a óbito e ninguém ficar sabendo! Materializa-se, num só lugar a mistura da Suíça com a mais atrasada região da África.

Vendo situações como esta, o único raciocínio lógico é de que o Brasil inchou, em vez de crescer. Na maior cidade do país, que detém o grosso das riquezas nacionais, o povo pobre é tratado dessa maneira. Sem infra-estrutura e segurança para ter uma vida modesta mas normal e completamente alijado dos avanços científicos e tecnológicos, reservados apenas àqueles que podem pagar. O pequeno Isaac, além de todas as desgraças provocadas pela cheia na região onde reside sua família, ainda sofreu a falha ou falta de diagnóstico do seu mal.

A dívida social do país acumulada ao longo de décadas com a população é imensa. Desde o século passado, quando se acentuou o fluxo migratório de nordestinos para o sudeste e dos sertões para os grandes centros, formaram-se bolsões de extrema pobreza onde, além de fome, a população não desfruta de um mínimo de conforto e segurança para viver. As autoridades lenientes, só interessadas em votos, irresponsavelmente, viram surgir favelas, ocupações irregulares de encostas e várzeas e nada fizeram. Essa inércia constituiu os grandes problemas hoje vividos por todo o país, especialmente nas épocas de chuva. E, cumulativamente, também não se tratou de criar serviços de saúde eficientes para atender a essa grande população de desfavorecidos pela sorte e pela estrutura político-administrativa ineficiente.

Para desespero, especialmente daqueles que vivem nos bolsões miseráveis, tornou-se corriqueiro o noticiário sobre deslizamentos, inundações, mortes e danos patrimoniais e pessoais provocados pela chuva. Em vez de benfazeja, a chuva passou a ser encarada como um monstro quando, na verdade, os monstros são todos aqueles que nada fizeram para evitar os males que as águas acabam causando.

Já passou da hora das forças patrióticas deste país unirem-se, acima de qualquer interesse ideológico ou partidário para resolver de uma vez por todas o drama dos milhões de famílias que hoje vivem em condições subumanas e sem qualquer assistência. Essa guerra a sociedade brasileira já perdeu. Há que se encontrar, pelo menos, um meio de corrigir os danos, uma espécie de “Plano Marshal” (como o aplicado na Europa depois da guerra), que devolva às pessoas os insumos básicos da moradia, segurança, saúde e educação. Que os bonitos e eleitoreiros discursos de nossos governantes, preparados por marketeiros regiamente pagos, realmente se transformem em realidade. De cinema e circo, o povo já está cansado...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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