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Crônicas
27/12/2009 - 06h47
Crônicas da Amendoeira (Prêt-À-Porter e eu)
Aldo Guerra
 

Encontrei Prêt-À-Porter na noite de Natal. Eu seguia pela orla conversando com a minha saudade quando, de súbito, ouvi:

- Professor, está fechada!

Com a dificuldade da miopia, da catarata no olho esquerdo e da escuridão local, avistei um vulto sentado num banco do pier. Aproximei-me e, ei-lo que surge. Meu amigo tinha um semblante sereno, típico de quando a Sagatyba já lhe regara suficientemente os olhos.

- Prêt, meu amigo!

Ele sorriu com aquela cumplicidade que só as amizades entendem, e levantou-se. Sem combinarmos nada, tocamos para a Casa da Praia já que o Marcinho cerrara as portas do venerável bar. Sentamo-nos a uma mesa do lado de fora, exigência da Casa para os fumantes como eu, e nos deixamos ali a molhar as palavras. E como trazíamos ambos uma alma angustiosa sem afetação, corremos em direção às nossas lembranças. Mas foram as de Prêt-À-Porter que acenderam de forma suave e agradável minha saudade maior, a que poucas vezes menciono com medo da minha veemência.

Prêt falava do avô. O barão arruinado de Cantagalo fora amigo íntimo de Lima Barreto. Arrepiei-me da cabeça aos pés e um fio de lágrima límpida e serena fez-me cócegas na face. E que na herança deixada pelo meu irmão amado, constava os dois volumes de Toda Crônica, que venho degustando desde então como um manjar dos deuses, do autor do genial romance Clara dos Anjos.

Das histórias do avô que Prêt me contava, consta que numa das crises do escritor, este refugiara-se em Cantagalo, e que naquela bucólica paisagem, rabiscara as primeiras linhas do Triste fim de Policarpo Quaresma.

Meu coração batia como deve bater o de uma criança que ouve, maravilhada, uma história fantástica. Meus chopes multiplicavam-se como se uma saárica sede me abrasasse a alma.

Súbito, o velho guardador de águas da Cedae calou, e olhando-me de forma terna e profunda, falou:

- Professor, alegria é a prova dos nove!

Dita a máxima oswaldiana, abriu-se num largo sorriso e convidou-me para o brinde que blinda as amizades. Olhei para o céu, e do alto de uma estrela meu irmão piscou-nos. Nosso encontro estava abençoado. Feliz Natal, Prêt!

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