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Crônicas
07/01/2010 - 17h02
Feliz Ano Novo!
Célio Pezza
 

Aquele dia ele acordou diferente... Ele não sabia bem qual a diferença, mas algo estava diferente... O velho despertador no criado mudo ao lado ainda não tinha tocado, mas ele já estava acordado! Ele se virou na cama e seu corpo não se mexeu... Ele não entendeu bem o que estava acontecendo. Tudo estava diferente naquela manhã. Ele quis se levantar e, num instante, já estava em pé... Olhou seu corpo deitado imóvel na cama. Seria um sonho? É muito real para ser um sonho, pensou a seguir.

O que estaria acontecendo? Olhou ao redor e viu sua mulher dormindo ao seu lado, um sono normal, como qualquer outro. Reparou bem em si mesmo e percebeu que não havia um só movimento, um só sinal de respiração, nada!

Será que eu morri? Pensou... Será que é assim? É injusto! Eu tenho tantas coisas a fazer! É o primeiro dia do ano de 2010 e este não é um dia adequado para morrer, sem avisos, sem nada!

Ele precisava dizer tantas coisas à sua mulher, seus filhos, todos da sua família, seus amigos... Ele tinha tantos planos para o futuro! Não poderia ser verdade! Ele não poderia estar simplesmente desligado desta forma!

Não era medo da morte, não era isso... Mas, assim, tão de repente, no primeiro dia do ano novo, não podia ser! Ele tinha deixado tanta coisa para esse próximo ano... Morrer desta forma era trágico demais. Ele precisava terminar muita coisa, ele precisava falar muito, ele precisava se desculpar, ele precisava fazer muito!

Ele tentou andar e se viu flutuando no ar... Tentou acordar sua mulher, chamá-la de alguma forma, mas nada aconteceu! Ele continuava pensando, vendo, ouvindo, mas não mais agia de forma alguma neste mundo! Podia gritar, pular, dançar, correr, mas não era mais ouvido... Ele se sentiu só, muito só... Um estranho numa terra estranha!

Ele sentou-se na cama, ao lado do seu corpo e se pôs a chorar! Não por estar morto, pois sabia que isso era inevitável, mas porque a morte o pegou tão de surpresa, quando ele imaginava que ainda iria fazer tanto! Essa era a tragédia na sua cabeça!

Daqui a pouco minha mulher vai acordar, vai descobrir que eu morri e vai sofrer muito com isso. Muitos vão sofrer com essa situação inesperada!

Ele na verdade, não queria ter morrido, ele queria um pouco mais de tempo, para dizer tudo o que precisava, um pouco mais de vida para desfrutar da sua família, dos seus amigos, para fazer coisas que ele tinha deixado para o amanhã!

Ele chorou pelo tempo perdido, pela mania de sempre achar que amanhã ele resolveria. O amanhã dele seria diferente. Talvez fosse melhor, talvez pior, ele ainda não o sabia, mas ele tinha deixado muito a fazer!

Um pouco mais de vida, nesse momento, era tudo o que ele queria. Um pouco mais de vida! Ele sempre deu muito valor a ela, mas nesse momento, ele entendeu que mesmo o valor dado à vida, tem escalas diferentes e ele tinha deixado muito para trás!

Ele tornou a deitar, pensando no que fazer... Pediu pelo milagre da vida com todo seu fervor, e dormiu!

O despertador tocou naquela manhã do primeiro dia de 2010! Ele ouviu sua mulher chamando-o para se levantar...
- Já é tarde, disse ela! Vamos, levante-se, temos muita coisa para fazer!

Ele abriu os olhos, e percebeu que ainda estava vivo! Na sua cabeça, a lembrança viva de tudo que havia acontecido... Será que foi um sonho ou ele ganhou um pouco mais de tempo?

Não importava. Ele olhou para sua mulher e falou:
- Graças a Deus por mais um dia! Vamos nos levantar, temos muito o que fazer, você tem toda a razão! Vamos fazer o máximo hoje, pois amanhã, ninguém sabe! Bendito seja este primeiro dia de 2010, pois acordamos e temos nova chance de fazer aquilo que deixamos para amanhã! Feliz Ano Novo para todos nós que acordamos hoje!

Sua mulher sorriu sem entender e lhe deu um beijo:
- Feliz Ano Novo!


Nota do Editor: Célio Pezza é escritor (www.cpezza.com), mas tem sua formação acadêmica em Química e Administração de Empresas. Nascido em Araraquara, interior de São Paulo, Célio mora atualmente em Veranópolis, no Rio Grande do Sul. Identificado mais com o estilo "suspense", o autor cria romances que misturam aspectos da realidade com ficção, deixando claro sua predileção pelo esoterismo e pela magia. Também escreve artigos e crônicas sobre temas atuais da sociedade, assim como trata de assuntos polêmicos que recebem pouco ou quase nenhum espaço nas mídias.

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