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Opinião
29/01/2010 - 05h32
Uma cruza de Dança com Lobos e Fairytopia
Klauber Cristofen Pires - Parlata
 

Que saudades dos antigos cinemas tradicionais, com aqueles amplos salões ornamentados em estilo neo-clássico e aquela tela co-los-sal...! Ah, que inferno são os cinemas atuais! Justiça seja feita, nem se denominam mais assim: hoje são "salas de exibição". Ter a pretensão de curtir uma película no século XXI consiste em submeter-se a uma aventura cuja primeira missão é obter o ingresso: se não for adquirido pela internet, o jeito é dirigir-se ao shopping-center antecipadamente, de preferência pela manhã, para pegar uma fila única (uma via-crucis, para ser mais exato), e isto claro, sem contar aquela anterior para poder entrar e estacionar o carro. A "sala de exibição" mais parece uma caixa de sapatos, com uma subida fortemente íngreme, que nos força o pescoço se nos sobram as primeiras fileiras. A esta altura, já me pergunto se vale a pena sair de casa para assistir a uma tela um pouco maior do que um TV de LCD (E tome ouvir o incessante croc-croc daqueles irritantes baldes de tortura!).

Bem, mas vamos ao que interessa: assisti ao filme sensação do momento, "Avatar". O que eu achei? Em poucas palavras: uma mistura de Dança com Lobos com Fairytopia! Pelo cenário repleto de paisagens exóticas, carregado com muito rosa e lilás, não dava pra deixar de imaginar que a qualquer momento viria a aparecer a Barbie como fada voando entre aquelas flores gigantes ou caminhando sobre a relva que acende quando pisada. Aliás, seria bem-vinda mesmo se isto ocorresse: as personagens da Mattel são em geral bem mais graciosas.

Da parte de Dança com Lobos, vem o argumento do filme, quase transliterado: um soldado é jogado no ambiente de fronteira entre as suas sociedades, a invasora e a invadida; faz contato com os nativos e é achincalhado; entrosa-se com eles; namora a filha do chefe; desafia o então líder guerreiro; treina, sofre os devidos batismos e se torna um deles; aprende a montar um bicho; passa pro lado deles; lidera a revolta deles contra o invasor e o expulsa com seus arcos e flechas; fim. A lealdade foi tanta que até os humanóides com nariz de tatu, pele de salamandra e rabo de oncinha - notadamente o chefe, a sua mulher e o líder guerreiro -, lembram nos seus traços, nas vestes e nos costumes, os índios Sioux. (Eram Sioux mesmo?)

Afirmam os cinéfilos que Avatar constitui uma espécie de divisão de águas na história do cinema. Talvez eles tenham mais razão do que pensam. Afinal, Hollywood jamais foi tão explicitamente anti-americana, anti-marines, anti-capitalista, anti-cristã, e tão devotamente ecofanática e panteísta. Será que o filme foi dirigido pelo Barretão? Sei lá... não vi nenhum humanóide barbudo ou "mindeta"...

A proposta anti-capitalista do filme vem escamoteada em dois argumentos principais: começa por informar que os recursos da Terra já se esgotaram e que a companhia exploradora em Pandora se vale da força dos marines para aniquilar os pandorianos. Ora, na vida real, os países que esgotaram seus recursos foram sempre os não-capitalistas, e aqui podemos dar destaque à extinta URSS, que literalmente matou o Mar de Aral; a China, que somente agora, com a ajuda do Japão, vem recuperando as áreas por si desertificadas; e só para ficarmos bem up-to-date, e o Haiti, que chegou ao fundo do poço.

Por outro lado, como a história fartamente demonstra, os contatos entre indivíduos de diferentes sociedades as mais das vezes se deram de forma amistosa, contratual e mutuamente benéfica. Os portugueses compravam pau-brasil dos índios sob uma forma contratual e mais do que isto, como a nação que realmente inaugurou o que se pode chamar de globalização, teceram a primeira rede mundial de comércio com indianos, japoneses e demais orientais; os primeiros colonos americanos comumente realizavam comércio com os índios, assim como os russos e até mesmo os espanhóis, na costa do Pacífico; somente quando veio o estado, com suas tropas, é que as coisas degringolavam. Ora, mas se tais relações iam para o vinagre justamente por causa da chegada do estado, é o estatismo o culpado pela violência e pilhagem, e não o capitalismo, representado pelos indivíduos. Quanto mais estado, mais socialismo e menos capitalismo. O cenário de Avatar traz um estado terráqueo socialista, de estilo intervencionista, e não um estado puramente capitalista.

Pronto, já disse tudo! A não ser pelo barato que os seres vivos de Pandora já vêm com conexão USB (super, né?) acho que não tenho mais o que dizer. Que diria? Que foi um espetáculo de tecnologia e efeitos especiais? Isto já tem sido nauseamente comentado por outrem...


Nota do Editor: Klauber Cristofen Pires (libertatum.blogspot.com) é bacharel em Ciências Náuticas no Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar, em Belém, PA. Técnico da Receita Federal com cursos na área de planejamento, gestão pública e de licitações e contratos administrativos. Dedicado ao estudo autodidata da doutrina do liberalismo, especialmente o liberalismo austríaco. Possui artigos publicados no Mídia Sem Máscara, Diego Casagrande, Domínio Feminino, O Estatual e Instituto Liberdade. Em 2006, foi condecorado como "Colaborador Emérito do Exército", pelo Comando Militar da Amazônia.

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