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Opinião
05/02/2010 - 05h33
A volta dos que não foram
Rodrigo Constantino - Parlata
 

O passado não nos dirá o que devemos fazer, mas sim o que devemos evitar.” (Ortega Y Gasset)

Estudar a história da América Latina é uma tarefa que pode causar certa monotonia na pessoa. Afinal, impressiona o quanto as mesmas coisas se repetem por aqui. Nós não aprendemos com os erros passados. A região parece um quadro algumas vezes, imóvel na parede. É o caso das tentativas de conquista de poder por parte dos socialistas, que encontram sempre um ambiente fértil para plantar a semente da discórdia, crucial para espalhar sua seita. Por isso eles não desistem nunca; pois com tanta ignorância e miséria, a seita socialista sempre será uma ameaça concreta. A Venezuela é apenas o mais recente e desastrado caso.

Acredito que um estudo sobre o caso chileno é deveras ilustrativo, pois se até o Chile, país que gozava de uma estabilidade política ímpar na região, caiu nas garras do socialismo, então todos são vítimas em potencial desta praga. E no Chile, os socialistas liderados por Salvador Allende utilizaram táticas muito semelhantes às utilizadas ainda hoje pelos socialistas da região, incluindo Hugo Chávez. O uso da democracia como um meio para se destruir a própria democracia e as liberdades individuais, instaurando assim um regime socialista, não é nada novo.

Allende não foi eleito presidente do Chile por uma maioria absoluta. Ele recebeu apenas 36,2% dos votos, contra 34,9% do candidato conservador, e 27,8% do candidato democrata-cristão. Em outras palavras, mais de 60% dos eleitores não queriam Allende no poder. Mas no Chile não havia um segundo turno para situações como esta. Cabia ao Congresso completar a eleição. Uma aliança entre os dois outros partidos poderia, dentro da Constituição chilena, colocar outro candidato em vez de Allende na presidência. Não havendo consenso entre eles, Allende acabou sendo indicado, mas não sem antes um compromisso de que ele não iria desrespeitar a Constituição do país (tal receio já existia na época das eleições).

Uma vez no cargo, Allende iria ignorar tal compromisso, e governar com a meta de destruir a própria democracia, promovendo uma ruptura social e institucional no país. Logo no começo este objetivo ficou evidente. A tradição chilena era que o presidente eleito estendesse a mão aos que não haviam votado nele, assumindo a postura de presidente de todos os chilenos. Allende preferiu romper esta tradição, anunciando que suas ações partiriam da premissa de que existiam, no Chile, conflitos de classe irreconciliáveis.

Quais classes seriam privilegiadas estava evidente nas bases do governo: movimentos revolucionários de esquerda, grupos que se preparavam para uma guerra civil inspirada nas táticas de Che Guevara.

O ex-presidente Eduardo Frei afirmou que os allendistas “aplicaram deslealmente as leis ou as atropelaram abertamente”, desrespeitando inclusive os Tribunais de Justiça. O governo interferiu nas eleições sindicais, favorecendo grupos aliados ou criando grupos paralelos quando seus aliados perdiam as eleições. Eles chegaram a propor a substituição do Congresso por uma “Assembléia Popular” e a criação de “Tribunais Populares”, algo semelhante aos “tribunais do povo” dos jacobinos na era do Terror. Uma Guarda Pessoal foi criada em 1971, altamente armada. O sistema de educação seria convertido num processo de doutrinação marxista.

A Corte Suprema da Justiça, por unanimidade, censurou o Poder Executivo por desrespeitar sistematicamente as decisões dos Tribunais. No segundo semestre de 1973, já não havia dúvidas de que uma ditadura totalitária estava sendo instaurada no Chile. Milhares de representantes da extrema esquerda foram para o Chile, e a embaixada cubana virou um verdadeiro ministério paralelo. Escolas de guerrilha foram criadas, treinando paramilitares sob a proteção do governo.

Houve uma acelerada importação clandestina de armas pesadas. A infra-estrutura para um exército paralelo estava instaurada. A democracia estava com seus dias contados.


Nota do Editor: Rodrigo Constantino é economista formado pela PUC-RJ, com MBA de Finanças no IBMEC, trabalha no mercado financeiro desde 1997, como analista de empresas e depois administrador de portfólio. Autor de dois livros: Prisioneiros da Liberdade, e Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT, pela editora Soler. Está lançando o terceiro livro sobre as idéias de Ayn Rand, pela Documenta Histórica Editora. Membro fundador do Instituto Millenium. Articulista nos sites Diego Casagrande e Ratio pro Libertas, assim como para os Institutos Millenium e Liberal. Escreve para a Revista Voto-RS também. Possui um blog (rodrigoconstantino.blogspot.com) para a divulgação de seus artigos.

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