Das muitas coisas que aprendi nesta vida e que não me custou nada até então, foi a arte de rir. Rir com vontade de rir, de fazer do riso gargalhada, seja numa roda de amigos contando piadas, de uma situação engraçada acontecida há pouco tempo em que a gente acaba lembrando e rindo sozinho, ou ainda, da forma mais moderna, multimídia e eletrônica existente: assistindo a um bom filme de comédia. Ultimamente não houveram muitas situações engraçadas na qual pudesse me render um bom riso e os amigos piadistas há muito não são mais os mesmos. Restou-me, então - democraticamente - a última alternativa. Só que por esta eu tive que pagar. Antes, disso, é claro, tinha que escolher os filmes. Sim..., filmes! Mais de um. Dois estaria excelente. Não sei o que aconteceu, mas acordei como de costume, aos domingos, em torno das sete e meia. O humor horrível, como se tivesse acertado na mega-sena e perdido o cartão premiado. Só então percebi que um dos filmes eu consegui assistir todo, o outro, não lembro nem quem eram os atores. Na verdade, não lembro como ainda tive coragem de levantar do sofá e colocar o disco no aparelho de DVD, de tamanha a frustração com o primeiro. Intriga-me, porque você vai à locadora, passa minutos (horas até) lendo sinopses e sinopses, tentando acreditar que desta vez vai conseguir se superar e locar um filme que valha a pena tanto esforço e, quando assiste os trinta minutos iniciais começa a se desenhar o que o aguarda no final do filme: as mesmas situações de sempre, ou seja, nada de graça, nada de riso, atuações decepcionantes - até eu faria melhor. Sem contar a dublagem.... Mais uma vez iludido. O “engraçado” e revoltante de tudo isso são as recomendações expressas colocadas nas caixas-amostras dos filmes: “a melhor comédia do ano” ou “hilariante” ou “uma comédia de verdade”, ou ainda, “você vai ficar colado na poltrona do início ao fim”. Acho que tinham razão! Não consegui sequer ir pra cama. Dormi ali mesmo, colado no sofá e ganhei, ao invés de umas boas risadas, uma dor no pescoço que me acompanhou quase que a semana inteira. Pior ainda é na devolução ter que escutar a frase afirmativa da mocinha capitalista da locadora: “e então, o filme é bom, né!”. Mil palavras, leia-se mil desaforos, passam pela sua cabeça nesse instante. A irritação, porém não ultrapassa a cordialidade açoriana e, ao invés de dizer que não, acabo consentindo em silêncio. Por favor, onde esconderam Charles Chaplin, O Gordo e o Magro, em seus filmes-mudos, ainda em preto e branco, que me faziam rir de verdade. Cadê o Faísca e Fumaça dos desenhos animados, o Tico e o Teco, juntamente com o pato Donald, sempre dispostos a enganá-lo da mais inusitada maneira? Cadê? Não posso, não devo e não vou generalizar, mas há muito tempo que a safra de filmes “hilariantes” está em déficit, pelo menos comigo. É claro que há exceções. A Pantera Cor de Rosa, com Steve Martin e Jean Reno é uma prova disso. Direto e cativante, conseguiu me manter acordado com boas doses de riso. O problema, porém é a maioria. Chego até ao cúmulo de pensar que a falta de humor não está nos filmes e sim neste ser que tanto questiona, que dá palpites e que não suporta a idéia de que alguém possa ter se divertido com este ou aquele filme e dar o seu aval. Mas como gosto é gosto e não se discute, deixo para os estudiosos este assunto que tanto me incomoda. Eu, por certo, continuarei a minha procura e seleção de bons filmes. Ou então, na pior das hipóteses, esperar até o Natal, para ver se algum iluminado possa incluir na grade de alguma emissora – novamente – Um Herói de Brinquedo.
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