27/08/2025  06h37
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
15/02/2010 - 07h02
É Carnaval!
Célio Pezza
 

O Brasil vive um clima de festas e euforias neste mês de fevereiro. Afinal é Carnaval! Época de alegrias, festejos e de esquecer os problemas do nosso dia-a-dia. Porém, quantos sabem das origens do carnaval no mundo? A história do carnaval é ponto de discussão e não se sabe exatamente quando surgiu.

Alguns historiadores contam que no ano 10 mil a.C., homens e mulheres se reuniam uma vez ao ano com os rostos mascarados e pintados, e dançavam por vários dias e noites para espantar os demônios da má colheita. Há seis mil anos aparece no Egito, como um culto a deusa Ísis, e no século VII a.C., na Grécia, como uma festa a Dionísio, deus grego das festas e do entusiasmo. Este mesmo deus é chamado de Baco em Roma, onde aparecem os bacanais, sempre celebrados com muita bebida, festas e sexo. Estas festas eram chamadas de "Saturnálias" em homenagem ao deus maior Saturno.

Amantes da folia, pesquisadores e historiadores dizem que a palavra carnaval vem desta época, devido ao "carrum navalis" que eram carros com motivos navais que faziam a abertura destas festas. Talvez os primeiros carros alegóricos da História. Nestas festas havia uma completa inversão e as pessoas representavam papéis e ridicularizavam a nobreza dominante sem o risco de perder suas cabeças. Na mitologia, Momo era o deus da zombaria e tinha sido expulso do Olimpo porque ridicularizava os demais deuses. Nestas festas um escravo era eleito para simbolizar Momo. Ele era o rei do deboche e tinha todo o poder durante as festividades, só que no final da festa ele era morto e sacrificado ao rei Saturno.

Mais tarde, com o início da Era Cristã, começaram a surgir os primeiros sinais da censura a estas festividades, que passaram a ser vistas como demoníacas e correram o risco de acabar. A Igreja tentou cancelar as "Saturnálias", mas a reação popular foi tamanha que ela sentiu que poderia perder seus fiéis para os antigos deuses. Em vista disto, no ano de 590, o papa Gregório I reconhece e regulamenta a festa. Ela é associada ao início da Quaresma, que antecede a Páscoa. Esta data passa a ser conhecida como "carne levandas", expressão que seria transformada em "carne levales" e, finalmente, "carnaval". Alguns traduzem esta expressão como "abuso da carne" e teria um sentido de orgia; outros dão o sentido de "comer bastante carne", pois após o carnaval começaria a Quaresma, onde por quarenta dias não se podia comer carne.

A Igreja passou a aceitar este curto período de festas e orgias como uma "despedida dos prazeres", pois assim podia cobrar maior rigor religioso no período pós-folia. Daí para frente o Carnaval foi se alastrando pelo mundo e encontramos em Portugal, no século XV, a festa chamada "Entrudo", que significava a entrada da Quaresma.

Nos séculos XVII e XVIII vieram muitos portugueses para o Brasil e trouxeram as brincadeiras do "Entrudo". A brincadeira era andar pelas ruas e jogar água, bolinhas de cera cheias de perfume, farinha, barro, lixo e urina nas pessoas. No início do século XIX, a festa começou a mudar, com novos costumes trazidos pela corte portuguesa e o Brasil passou a copiar os elegantes carnavais da Europa, em particular de Veneza, famosos por seus bailes de máscaras e fantasias.

Nesta época tínhamos os bailes de carnaval da aristocracia nos moldes da Europa e o carnaval de rua na tradição do "Entrudo", que passou a ser conhecido como o carnaval dos pobres, sendo feio e de mau gosto aos olhos da aristocracia. Com o tempo, este carnaval dos pobres foi se organizando e conquistando a simpatia de toda a sociedade, até de intelectuais e artistas, que passaram a freqüentá-lo nas ruas.

Em 1899 a pianista Chiquinha Gonzaga inaugura a prática de composições feitas especialmente para o Carnaval com a marchinha "Ô abre alas". Mais tarde, o próprio presidente Getúlio Vargas, preocupado em demonstrar interesse pelos pobres, deu início a uma estruturação melhor do carnaval de rua que hoje é considerado a maior festa popular do Brasil.

Uma das muitas curiosidades é que durante a morte do Barão do Rio Branco no Carnaval de 1912, o governo quis cancelar as festas e adiá-la por dois meses em sinal de luto. O resultado é que neste ano tivemos dois carnavais: um em Fevereiro e outro em Abril. Este mesmo barão disse certa vez: "Existem no Brasil, apenas duas coisas realmente organizadas: a desordem e o carnaval."

Talvez ele tivesse razão, pois quem assiste hoje a um desfile de Carnaval no Rio de Janeiro ou qualquer outra grande cidade brasileira, não consegue imaginar como é possível tamanha organização e trabalho bem feito, coisas tão raras em outras áreas do nosso país.

É um espetáculo! É Carnaval!


Nota do Editor: Célio Pezza é escritor (www.cpezza.com), mas tem sua formação acadêmica em Química e Administração de Empresas. Nascido em Araraquara, interior de São Paulo, Célio mora atualmente em Veranópolis, no Rio Grande do Sul. Identificado mais com o estilo "suspense", o autor cria romances que misturam aspectos da realidade com ficção, deixando claro sua predileção pelo esoterismo e pela magia. Também escreve artigos e crônicas sobre temas atuais da sociedade, assim como trata de assuntos polêmicos que recebem pouco ou quase nenhum espaço nas mídias.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.