- Mãe... vou casar. - Já não era sem tempo, afinal a sua filha Khelly Chrystynna já vai fazer cinco anos... Até que enfim aquele estrupício do Óxito resolveu assumir. - Não é com Óxito, não... é com o Anderson Clayton. - Isso é nome de gente ou de fábrica de margarina? - É que a mãe dele adorou esse nome que ela leu num pote de margarina... e não é que ele é mais mole que manteiga mesmo. - Ele faz o que? Não vai me dizer que fica o dia inteiro na rua soltando pipa e jogando bola. - Pois é... ele está aguardando ser chamado para ser socorrista... tá doido pra vestir aquele uniforme amarelinho... E o que tem de mal jogar bola? - Ainda bem que você tem um emprego na loja do Seu Jacó. - Tinha... - Como assim, tinha? - Seu Jacó me mandou embora quando descobriu que eu estava grávida. - Grávida... putz minha filha... vocês vão ter de sustentar duas crianças... o bebê e a Kellynha. - É três... - Como três? - É que são gêmeos, o médico do posto de saúde confirmou. - Vão morar onde? Aqui no barraco você sabe que não cabe mais ninguém. - Meu pai vai alugar um barraco pra gente e pagar os três primeiros “mês”, depois a gente se “viramos”. - Aquele “desifeliz”... cretino... nunca deu um tostão de pensão e agora quer dar uma de bonzinho. - Pois é... nós dois desempregados vamos ter mais tempo pra cuidar das crianças... não é mesmo? - Velei-me meu Deus! - Ah, ia “se” esquecendo, a “gente queremos” uma festa com muita cerveja, salgadinho, bolo com os noivos em cima, vestido de noiva com véu e grinalda, muitas flores e um DJ tocando funk e pagode a noite inteira... estou tão feliz... só espero que o Anderson não descubra que os gêmeos não são filhos dele...
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