É sexta-feira, 23h53. Estou aqui, com o MSN ligado esperando alguém entrar. Esqueço, por segundos, que o mundo ferve pois é sexta-feira. Pessoas estão no teatro, no cinema, no motel, em casa comendo uma pizza. Lembro-me de súbito que eu, apenas eu e alguns outros mortais moramos em Ubatuba e que aqui não tem tantas baladas assim. Agora mesmo, ouço o barulho do mar, o sapo coachando, o grilo namorando, o vento batendo na janela. Só queria poder partilhar tudo isto com o pessoal da cidade de pedras. Mas deixa pra lá, no próximo feriado eles virão pra cá. A única coisa é que ficarão desconfiados porque não conseguirão ouvir os ruídos noturnos que tanto descrevo. É que quando estamos em grupo nem lembramos da natureza. E ela fica tímida, ressabiada e chora quietinha. Mas depois que todo mundo vai embora ela se solta e presenteia quem fica. E eu continuo no meu romantismo de querer passar os segredos que ela me conta pros meus amigos queridos. Quem sabe depois do Globo Repórter.
Nota do Editor: Paula Tura é escritora, clown e em breve pintora. Mantém o blog: www.mercedesaemergente.blogspot.com.
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