A rápida e consistente reação do Brasil à crise mundial e a perspectiva de retomada do crescimento de seu PIB, estimado em índice superior a 5% em 2010, reforçam a sua posição no cenário internacional e estimulam investimentos produtivos diretos. Ademais, reacendem a confiança das empresas e do mercado interno, o grande trunfo da economia nacional no enfrentamento do recente crash globalizado. É indisfarçável, no universo corporativo, a disposição quanto à abertura e ampliação de negócios, criação de empregos e aporte de recursos em novos empreendimentos. Ante tais cenários positivos, o País não tem o direito de tropeçar em suas próprias pernas. O principal dentre os obstáculos que se interpõem entre sua condição de emergente e a concretização de seu imenso potencial para se converter em nação desenvolvida é o velho e desgastado gargalo da infra-estrutura. Para pôr um ponto final no antigo dilema e o transformar de problema em solução, é necessário investimento anual de aproximadamente R$ 160 bilhões, 53% a mais do que o valor realizado em 2009. A boa notícia é que as possibilidades de concretização desse significativo aporte financeiro são muito melhores do que em passado recente. Estima-se que seja viável alcançar aquele montante até 2014. Praticamente, não há mais restrições ao crédito, além, é claro, do preço do dinheiro, que continua muito elevado no Brasil. Aqui, os juros reais seguem como os mais elevados do mundo, a despeito de se encontrarem em um dos patamares mais baixos de todo o histórico do mercado interno. Não deverão faltar recursos para investimentos nas obras de infra-estrutura das quais o Brasil precisa para ingressar no primeiro mundo Alguns indicadores evidenciam que não haverá carência de recursos. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), principal financiador dos empreendimentos, já havia sinalizado em 2009 - segundo matéria veiculada pela Agência Brasil - que dobraria, de R$ 35 bilhões, aplicados em 2008, para cerca de R$ 70 bilhões, no exercício de 2010, os desembolsos para infra-estrutura. Fundos de pensão também se mostram propensos a investir. Um exemplo é a Funcef (Fundação dos Economiários Federais), que anunciou dispor de R$ 1,3 bilhão, em 2010, para aplicar na importante área. Outro fator a favorecer o atendimento à demanda da infra-estrutura refere-se à Copa do Mundo de 2014, com jogos programados para acontecer em 12 cidades brasileiras, e a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Nesses casos, as únicas alternativas são fazer ou fazer as obras necessárias para a realização dos eventos conforme as exigências, respectivamente, da Fifa e do Comitê Olímpico Internacional. São vultosos investimentos em estádios, aeroportos, transportes, logradouros públicos e hotéis. Também é preciso considerar que, transcorridos 15 anos desde o desencadeamento da desestatização da infra-estrutura e da retomada de aportes de recursos financeiros privados no setor, as empresas e investidores já acumularam experiência e conhecimento na área. Portanto, há mais segurança e um ambiente mais propício aos negócios. Resta, é verdade, atualizar, em alguns casos, o marco regulatório, executando-se essa tarefa com a devida agilidade. Sem dúvida, a conjuntura histórica oferece ao Brasil imensa oportunidade de solucionar um antigo problema. Tratemos, pois, de aproveitá-la! Nota do Editor: Juan Quirós é presidente do Grupo Advento e vice da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da ABDIB (Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base).
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