Ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore são consideradas metas de realização do ser humano. No entanto, nenhuma delas terá valor se não gerarem bons frutos. Para que isso ocorra, em qualquer um dos casos, é necessário cuidado consciência e dedicação antes, durante e depois, pois cada árvore plantada e preservada contribui para a vida, cada livro publicado forma ou influencia opiniões, e toda criança que nasce é uma esperança renovada. Todas essas metas são, portanto, de imensa responsabilidade e importância, justificando uma profunda reflexão, prévia, sobre o que nos motiva, quais são as nossas expectativas e o quanto estamos dispostos e disponíveis para acompanhar e cuidar de todas as etapas de seu desenvolvimento. No caso de filhos, a decisão assume a grandiosa e literal proporção de um verdadeiro projeto de vida, não apenas da nossa, mas de uma nova, transformadora e interativa. A falta dessa premissa elementar, aliada a aspectos sociais diversos, tem fornecido matéria-prima em profusão para psicólogos, psiquiatras, terapeutas e advogados. A vida é o maior bem que possuímos, mas insistimos em privilegiar vaidades e projetos pessoais que, cada vez mais, obscurecem nossa natureza humana e divina, nos transformando em títeres do mercado ou máquinas movidas pelo combustível da ambição e do consumismo, sem limites ou escrúpulos. Assim é que alguns não se importam em passar horas e horas dedicadas ao sucesso de suas carreiras, mas se esquivam obstinadamente do maior dos desafios pessoais: formar um ser humano! Não será por essa incapacidade que assistimos à escalada da violência, da ganância e da marginalidade em todos os níveis? O fato é que a geração responsável, consciente e amorosa, vem sendo preterida em nome de objetivos nada enobrecedores, como: satisfação de desejos sexuais; garantia de um “bom” casamento ou pensão mediante exame de DNA; subsistência na miséria, pela moeda do desespero da mendicância familiar ou do comércio infantil etc. A deturpação, ou ausência de valores desde o embrião social: a família; vem agravando o problema, pois, ao contrário do que muitos celebram, a condição financeira não deveria ser a variável mais significativa na equação da excelência humana. Os crimes cometidos por adolescentes de famílias abastadas demonstram que frequentar as melhores escolas, usar roupas de grife, ter carros esportivos e mesadas polpudas não garantem seres humanos melhores, nem substituem o afeto de pais, socialmente influentes, mas afetivamente ausentes. Na verdade, os que exercem efetiva e apaixonadamente a função de pais, convivem diariamente com o estresse e a angústia da contínua tentativa de conciliar sucesso profissional pessoal com a participação equilibrada no processo de formação dos filhos, de maneira a propiciar condições emocionais, morais e financeiras que assegurem a felicidade e a realização dos sonhos de seus descendentes. Essa geração responsável não infringe princípios morais ou religiosos. Também não subentende procedimentos artificiais ou interferência do Estado no sagrado livre-arbítrio. Ela é, sobretudo, um exercício de amor e comprometimento, que deve ser praticado de forma pessoal e intransferível por toda nossa existência, para que nossos filhos, como bons livros e árvores bem cuidadas, disseminem valores proveitosos e sejam pródigos em sementes, renovando, assim, a esperança na Humanidade! Nota do Editor: Adilson Luiz Gonçalves é mestre em educação, escritor, engenheiro, professor universitário (UNISANTOS e UNISANTA) e compositor. E-mail: prof_adilson_luiz@yahoo.com.br.
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