Já se foi o tempo das ‘Mulheres de Atenas’, embora alguns dinossauros sociais machistas ainda insistam em considerar o sexo feminino com mero coadjuvante do sexo masculino. Como todo preconceito, esse tipo de postura esconde fobias e inseguranças de várias espécies ou, simplesmente, uma incomensurável e patológica estupidez. Enquanto os homens superaram leis rígidas e antiquadas, como as que estendiam punições por gerações de descendentes, a mulher permaneceu, por milênios, culpada por uma falta atribuída a que seria a primeira: Eva! Mas, mesmo quando o rigor dos costumes antigos limitava ainda mais sua liberdade, a história registrou, com destaque, personagens como: Esther, Catarina de Médicis, Joana d’Arc, Elizabeth I, Vitória, Anita Garibaldi e muitas outras. Recentemente, também mereceram e merecem destaque: Indira Ghandi, Rosa Luxemburgo, Marie Curie, Madre Tereza de Calcutá etc. É certo que também temos os exemplos de Lucrécia Bórgia e Margareth Tatcher, mas são raros os registros de guerras declaradas por mulheres, embora o excesso de músculos, a libido descontrolada e a falta de comunicação entre neurônios de muitos homens (de que adianta tantos a mais, se mal utilizados) as tenham colocado como pivôs de muitas. Donas de uma infinita tolerância e capacidade de seduzir e superar conflitos, algumas mulheres só erram quando tentam imitar o pior dos homens, por acreditarem que essa é a única forma de serem respeitadas por eles. Talvez por isso, muitos se assustem e façam o caminho inverso... Ocorre que, apesar do espaço conquistado com muito esforço e competência, ainda são elas e as crianças as maiores vítimas dos vários tipos de violência. Infelizmente, a maioria dos homens ainda não aprendeu a dar-lhes valor, nem por carregarem a humanidade no ventre, cuidando-a com a própria vida; nem por serem protagonistas sociais igualitárias por si só. Ainda existem mulheres sendo educadas e tratadas como seres inferiores, e punidas segundo tradições que só servem para subjugá-las aos homens. Estes lhes negam cidadania e autonomia, como se existissem apenas para gerar seus filhos - de preferência, homens -; alimentá-los com seu peito, suor e sangue; saciar-lhes com seu corpo; tolerar suas infidelidades e prantear-lhes a morte, secando por eles. Civilizações primitivas ainda as mutilam sexualmente, apedrejam, ocultam e inibem seu potencial criativo, inteligência e autodeterminação, dando a seus pais e maridos poder de vida e morte, esquecendo que sequer existiriam sem elas. Para eles, não são os homens que não sabem se controlar: são as mulheres que os fazem ‘se perder’! E ainda se consideram guardiões da fé e exemplos de civilização, mesmo quando assumem a condição de ‘macho’, portando-se como predadores no cio; desprezando tudo o que delas receberam de graça: amor, dedicação, altruísmo e coragem. Coragem, inclusive, para assumir a família quando eles morrem em guerras estúpidas, se prostram diante de um fracasso ou, simplesmente, abandonam suas responsabilidades. E ainda há as que suportam tudo isso e encontram força para defender suas iguais na ‘cova dos leões’, enfrentando o muro de pedra do conservadorismo radical com a água da justiça, do idealismo, do respeito à vida, da razão com sensibilidade. Sua luta demonstra que o homem pode se orgulhar de seu poder, de sua rigidez de pedra! Mas a mulher, como a água, sabe contornar, adaptar e sutil e pacientemente procurar o melhor caminho para moldar a rocha. Também mostra que o homem usa da pedra para criar obstáculos e diferenças, enquanto a mulher, como a água, tende ao equilíbrio. Há um ditado que afirma que: ‘Por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher’. No entanto, toda grande mulher está quase sempre sozinha! Mas, ‘água mole, em pedra dura...’. (Este texto, com este título, foi inicialmente divulgado em 21/10/2003.) Nota do Editor: Adilson Luiz Gonçalves é mestre em educação, escritor, engenheiro, professor universitário (UNISANTOS e UNISANTA) e compositor. E-mail: prof_adilson_luiz@yahoo.com.br.
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