O Brasil tem índices de repetência escolar da ordem de 13%, só comparado a paupérrimas nações africanas. A taxa de abandono voltou a subir entre 2006 e 2008, elevando-se de 10 para 11%. O número de estudantes com 18 a 24 anos matriculados nas universidades é de apenas 14%. Esses índices – apurados pelo Ministério da Educação - estão muito abaixo das metas estabelecidas, dez anos atrás, pelo Plano Nacional de Educação, instrumento oficial criado e administrado pelo próprio governo. Segundo o PNE, deveríamos chegar a 2010 com 10% de repetência e com 30% dos jovens freqüentando as universidades. São objetivos modestos se comparados com os atingidos pela OCDE (organização que reúne os países desenvolvidos), que registram 3% de repetência e 39% de universitários. Vivemos o dilema de um país que ocupa o 8ª lugar na economia mundial, almeja posições ainda mais privilegiadas e sequer consegue administrar a educação de maneira a proporcionar à população o acesso aos benefícios do desenvolvimento econômico. É gritante o desnível entre o mercado e a mão-de-obra que deveria ser por ele absorvida. Os registros oficiais e paralelos demonstram o paradoxo da existência de grande número de vagas não preenchidas ao mesmo tempo em que milhares de homens e mulheres procuram emprego mas não têm as qualificações exigidas. Duplo prejuízo pois o mercado tem dificuldades para cumprir suas metas e o povo não tem onde trabalhar e obter renda. Já se vão algumas décadas de incertezas na Educação brasileira. Quando deixamos o quadro tradicionalista e restritivo, que absorvia apenas pequena parcela da população, já que o restante conseguia entrar no mercado de trabalho mesmo sem estudo, começou-se a cavar o grande fosso hoje existente entre as necessidades do país e da sociedade e a deficiente qualificação oferecida pela rede educacional. Quando a falta de preparo dos formados pelas escolas ainda não se encontrava tão evidente, governos demagogos e eleitoreiros abriram mão de qualidade para produzir quantidade. Os métodos facilitadores sucederam-se, acabou-se a repetência em alguns níveis e tratou-se o professor como um simples objeto. Como resultado, estão aí milhares de diplomados que não sabem o que fazer do diploma, outros milhares de indivíduos que abandonaram a escola porque ela não oferece atrativos nem perspectivas, e os professores como vítimas de um processo de achatamento salarial e do esfacelamento do seu bem maior: a vontade e o direito de ensinar. Os governos, de todos os níveis, já se comprovaram incompetentes para gerir a Educação. Algo urgente precisa ser feito para mudar o quadro caótico do setor. Talvez as universidades, as instituições que necessitam e não encontram mão-de-obra e as forças vitais da sociedade, possam fazer algo para tornar a escola mais atrativa, formadora e útil. Sem isso, mesmo com todo o desenvolvimento econômico e tecnológico, o país, fatalmente, mergulhará no caos... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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