Nós cristãos podemos inibir-nos, mas é preciso ter coragem de enfrentar o problema: a Igreja Católica é feita de homens que estão sujeitos a erros e desvios, como qualquer outro. Sempre acreditei que a igreja estivesse livre deste problema, mas os fatos amplamente divulgados comprovam que eu estava enganado. Não posso ser omisso e ignorar o problema, pois foram crianças e adolescentes as vítimas da violência sexual, um crime perverso e desumano que com certeza deixou marcas profundas e que deve ser punido pelas autoridades daqueles locais onde ocorreram. Mas o que será sempre condenável por nós não pode ser misturado com as obras de misericórdia corporais e espirituais, jogando-se tudo em uma vala comum no sentido de condenar todos os católicos e a imagem da igreja. Supervalorizam-se os erros e esquecem o trabalho desenvolvido através da preconização do evangelho e da promoção da dignidade humana especialmente com os mais carentes. Cabe observar que o trabalho desenvolvido em dois mil anos de evangelização no auxílio aos pobres, idosos e doentes, presente em todo mundo em escolas, hospitais, asilos, orfanatos e missões não pode ser desqualificado e colocado em dúvida por esta ampla rede de solidariedade que minimiza os problemas que nem os governos conseguem solucionar. Foi provado que somos frágeis, por melhor que seja nossa cultura e formação, cometemos erros. Infelizmente erramos! Sendo a tendência do homem de acusar e condenar os outros ao invés de olhar para seus próprios defeitos, como citado na Bíblia pelo Apóstolo João, “Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo e disse a eles: Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher!” (João 8:7), toda a Igreja Católica está sendo condenada. Mas o ser humano não será plenamente humano se não perdoar e não cultivar a esperança de fazer deste mundo, um mundo melhor de se viver, pois o verdadeiro sentido de nossas vidas está no engajamento e na participação com todos os que clamam por justiça, respeito à vida e os direitos humanos. Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
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