Quando é que manifestações públicas, tipo passeatas de protesto, são dignas e oportunas? Passeata pela solidariedade, para arrecadar alimentos para os menos favorecidos é sempre oportuna, não? E, por exemplo, para melhorar o mercado de trabalho, a oferta de mais empregos às pessoas menos favorecidas, para que elas mesmas possam comprar os alimentos de que necessitam? Toda manifestação pública, coordenada ou não, une as pessoas em torno de um objetivo. O objetivo é que dignifica, ou não, o movimento. O foco deve recair sobre o objetivo e não sobre seus integrantes. Caso contrário, pode resultar em, por causa de algumas laranjas estragadas, condenar-se toda a laranjeira. Já a manifestação não pode ser extemporânea, ficar muito distante dos fatos que a motivaram, sob pena de não ser entendida e ver reduzidos seus resultados. Todos os movimentos públicos que almejam mudanças ou continuidade do status quo na vida pública, quer queiram ou não, são políticos. E têm de ser oportunista sob pena de esvair-se a oportunidade e se perder o sentido. E sobre um caso recente em nossa cidade, alguém diria: Ah, mas fulano e beltrano quiseram tirar proveito político da situação! Uma situação delicada, particular, triste, dolorosa... Mas se uma situação assim é levada a público pelos próprios íntimos do falecido, que culpam uma instituição governamental pelo desastre, o fato deixou a esfera privada, passou a ser público e o que se torna público é passível de ações políticas. Não se está, no caso, menosprezando ou tripudiando sobre a dor de ninguém. O objetivo é que outras pessoas não se submetam ao mesmo martírio. A mídia nanica tentou desviar o foco dos objetivos da manifestação em vez de discuti-lo, o que lhe daria dignidade, e manipulou para desacreditá-la ao enfatizar somente a presença de alguns políticos oposicionistas que, em dado instante, saíram "rindo na foto" (eles estavam num velório ou numa manifestação política?), taxando-os de oportunistas. Isso é fazer pouco caso da inteligência dos cidadãos. Afinal de contas, além da imprensa nanica, subserviente e remunerada pelos cofres públicos, o que poderia ser mais temerário em Ubatuba do que o nosso nosocômio? José Alcendino de Oliveira jalcendino@gmail.com
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