Na medida em que nos acomodamos e deixamos a vida correr solta, estamos incentivando crueldades, assassinatos, injustiças. É o mesmo que dizer “não vou me importar com as denúncias, não ligo para prisão, não estou nem aí para condenação”. A inércia da sociedade permite que muita gente pense que matar gays e lésbicas não é crime. Afinal, quantos assassinos de gays, lésbicas, travestis, transgêneros e transexuais foram investigados, denunciados, condenados e estão na cadeia? A resposta não é difícil de encontrar. Basta ler nos jornais diários, fuçar os sites de notícia na internet, ver os telejornais ou ouvir programas policiais no rádio. A cada dia vidas são destruídas, famílias ficam órfãs de seus entes queridos. E o pior: ninguém sequer lamenta a morte dos “viados” ou das “sapatonas”, como são chamados, pejorativamente, os homossexuais no Brasil. Quem levanta a voz, espalha denúncias e grita nas ruas, passeatas, Câmaras de Vereadores e no Congresso Nacional é o Grupo Gay da Bahia. A entidade coleciona matérias jornalísticas e faz uma contagem não oficial dos assassinatos. Os números dão conta que a homofobia, o ódio aos homossexuais, continua dizimando uma parcela da população brasileira. Mas uma andorinha só não faz verão. Após a morte de um gay, as notícias se espalham e a discussão sobre a homofobia volta à pauta. Em seguida, tudo é esquecido. Nada é feito. Nenhuma providência efetiva é anunciada pelas autoridades... Nem mesmo a morte de homossexuais famosos é investigada e punida. Desse jeito, não dá para viver num país como esse. Por isso, muitos gays estão fugindo do Brasil, tentando refúgio em outras paragens do mundo. A solução, no entanto, não está na fuga, não está no silêncio cúmplice. Se não tomarmos uma atitude séria, a realidade não vai mudar. Homofóbicos vão sair de casa para matar, voltarão aos seus aposentos e irão dormir o sono dos justos. Algo precisa ser feito, com urgência. A sociedade deve sair do conforto e brigar por respeito, pela dignidade do ser humano. Direitos humanos iguais para todos, já! Nota do Editor: Valdeck Almeida de Jesus (valdeck2007@gmail.com), 43, jornalista, funcionário público, editor de livros e palestrante. Membro correspondente da Academia de Letras de Jequié e efetivo da União Brasileira de Escritores. Embaixador Universal da Paz. Publicou os livros Memorial do Inferno: a saga da família Almeida no Jardim do Éden, Feitiço contra o feiticeiro, Valdeck é Prosa e Vanise é Poesia, 30 Anos de Poesia, Heartache Poems, dentre outros, e participa de mais de 60 antologias. Organiza e patrocina o Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, desde 2005, o qual já lançou mais de 600 poetas.
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