Querido amigo Eduardo César, permita-me chamá-lo assim, pois sei da sua admiração por mim. Quando no auge da minha dor pela perda do meu querido filho Mauricio Mungioli, escrevi-lhe, expondo a minha dor através de uma carta aberta, foi para alertá-lo sobre o que acontecia no pronto socorro e pronto atendimento da Santa Casa, para que você soubesse, por quem viveu diretamente o problema, como são tratados os pacientes quando entram na sala de triagem, e no corredor do soro da virose!, fatos esses que achava que o amigo deveria saber. Foi também um desabafo de dor!! De uma mãe quase morrendo... Entretanto, parece-me que não fui bem compreendida pelo amigo. Lamento! O que escrevi foi um desabafo de mãe e um alerta a você, com o objetivo que tal fato não ocorresse novamente. Escrevi para que outros tivessem a chance de um atendimento digno, aquele que se espera seja dado a um ser humano, pois sei que a Santa Casa tem por missão salvar vidas... foi isso que eu esperava para meu filho. Quero deixar claro ao amigo, que me conhece há vários anos que - em nenhum momento - escrevi ou publiquei minha carta levada por motivos políticos ou politiqueiros. Sou independente, não devo favores a ninguém. Sou livre... Na minha dor, não sabia, e não previa, que uma simples carta de dor, de uma mãe enlutada, e enviada a um amigo, causaria tanta polêmica, e tanto rancor. Não sabia e não previa que a minha carta seria lida e relida, pelos moradores de Ubatuba e fora daqui, que virasse um caso polêmico e muito menos que tivesse sido entendida com qualquer cunho ou conotação política. Gostaria que o meu amigo Eduardo César, respeitasse meu luto e minha dor e - quando falasse do professor Mauricio Mungioli, meu filho - falasse com orgulho e com admiração, em respeito aos seus muitos alunos que, transcorridos mais de 40 dias da sua morte, ainda choram a morte do mestre querido. Não participei do movimento que houve na cidade por ocasião do Dia da Mulher - Luto pela Saúde - pois minha dor não me permitiu. Entretanto não pude ficar alheia: o meu amigo Eduardo César, prefeito de nossa cidade, não perdeu a oportunidade de ironizar a passeata que pregava o luto (nos dois sentidos) pela Saúde em nossa cidade. Foram 30 pessoas que participaram da caminhada, que estavam protestando o atendimento lastimável na Santa Casa e também pela morte de duas pessoas, que expuseram sua dor em relatos de mau atendimento. Meu filho, o professor Mauricio, infelizmente, um deles. Das 30 pessoas que caminharam, muitas eram alunos do meu filho que ali estavam, prestando uma homenagem e pedindo melhores condições de atendimento para a Santa Casa e para o sistema de saúde municipal, que tem por missão salvar vidas. Tenha certeza, essas trinta pessoas estavam - naquele momento - representando os muitos que leram uma carta de dor escrita para um amigo e gostariam de ver os desejos ali expostos atendidos, ou seja, a reforma do pronto socorro, da enfermaria, do serviço de triagem, garantindo assim um melhor atendimento à quem precisa de serviços médicos, de emergência e uma triagem feita de uma maneira humanizada, e competente. Sabemos que "a Santa Casa é um lugar que se nasce e se morre todos os dias". Sabemos que morrer faz parte da vida. Quando nascemos já estamos morrendo, entretanto o que todos queremos é morrer com respeito humano e dignidade. Para não me alongar, querido amigo, sabedora da grande admiração por minha humilde pessoa, volto a pedir-lhe - novamente - que olhe melhor pela nossa saúde, pelos seus munícipes que, como eu, necessitam de um prefeito mais amigo. Da amiga, Dona Zelma Ubatuba, 24/03/2010.
|