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Opinião
31/03/2010 - 05h29
A busca da perfeição
Percival Puggina - Parlata
 

A proximidade da Páscoa me trouxe à mente história ouvida há muitos anos. Construía-se alhures, na Baixa Idade Média, uma grande catedral. A obra já elevava suas torres e lançara seus arcobotantes. Verdadeira multidão de operários se ocupava das cuidadosas tarefas de acabamento. Um pavilhão fora especialmente construído, próximo dali, para outro importante trabalho, que exigia quietude e concentração especiais. Era o atelier dos escultores das imagens que iriam apontar as devoções a que o templo estava destinado.

Um transeunte resolveu penetrar na intimidade daquele recinto. Tendo identificado o mestre escultor, aproximou-se e contemplou o que fazia. Era a estátua de uma figura humana de porte soberbo, entalhada em fino mármore. Quedou-se ali, silencioso, acompanhando a meticulosa tarefa cujos detalhes – o rigor do artista bem o indicava – ainda ocupariam longas semanas. Lá pelas tantas, atreveu-se a indagar: “Essa é a imagem que irá para o altar-mor?” O escultor voltou-se para ele como quem emergisse de profunda concentração e contestou: “Não, este é um dos doze apóstolos que serão colocados ao longo do alinhamento mais elevado da cobertura”.

O visitante não pode conter seu espanto e voltou a interpelar: “Nesse caso, as imagens ficarão a grande altura do solo e jamais poderão ser apreciados os detalhes nos quais o senhor tanto se detém e que longo tempo ainda lhe irão tomar”. A resposta do escultor veio rápida, encerrando em duas palavras a sabedoria de uma parábola: “Ele verá!”

Ouvi essa história há muitos anos, mas a curta resposta do escultor ainda ecoa em minha mente: “Ele verá”. Tanta contradição entre ela e os critérios do mundo! Quantas vezes dedicamos nosso esforço e zelo buscando a perfeição nas coisas dos homens (e é bom que assim façamos) sem que nada semelhante, em zelo e esforço, reservemos para as coisas de Deus? Bem ao contrário, para Ele costumamos deixar migalhas das sobras do tempo e os restos da nossa vitalidade.

Entre as muitas esculturas que surgem como obras de nossas próprias mãos encontramo-nos nós mesmos. E aqui, quase sempre, a busca da perfeição é deixada de lado: “Somos como somos” costumamos dizer, desleixados e desatentos em perceber que a santidade é a catedral que mais agrada a Deus, a obra que se eleva acima dos telhados mundanos, e cujo campanário repica a glória do Senhor que tudo vê.


Nota do Editor: Percival Puggina (www.puggina.org) é arquiteto e da Presidente Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. Conferencista muito solicitado, profere dezenas de palestras por ano em todo o país sobre temas sociais, políticos e religiosos. Escreve semanalmente artigos de opinião para mais de uma centena de jornais do Rio Grande do Sul.

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