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02/04/2010 - 07h07
A Sabesp e a síndrome de Penélope
Jorge Ivam Ferreira
 

Conta Homero que Penélope - pressionada a casar-se novamente para dar um novo rei a Ítaca, já que seu marido Ulisses era dado como morto - impôs como condição para suas novas núpcias: terminar o manto que ela havia começado a tecer.

A virtuosa esposa passava o dia tecendo, mas à noite desmanchava a trama e assim o manto nunca ficava pronto. O que a desobrigava de cumprir a promessa de casar-se. Enquanto isso, os indignos pretendentes iam dilapidando o reino.

Em 2000, sob o governo de Mario Covas, a Sabesp com muito estardalhaço armou um enorme aparato de propaganda no calçadão: tenda inflável, mapas, banners, folhetos etc. Tudo isso para anunciar o cronograma das obras de saneamento básico do município de Ubatuba. Naquele evento, anunciava-se com convicção que, em 2002, parte da cidade já teria o tão desejado sistema de esgoto e, que em 2005 todos os bairros centrais, inclusive o do Perequê-Açu, teriam seu saneamento básico concluído.

Desde então, com a sofreguidão com que Penélope aguardava a volta de seu amado, os moradores deste bairro têm esperado que a Sabesp cumpra sua promessa. Esta companhia, no entanto, tem agido como a fiel esposa de Ulisses: faz e desfaz incessantemente.

De fato, há muito tempo, temos testemunhado o incansável labor dos operários. Interditam rua, põem placa pedindo desculpas pelo transtorno que causam, cavam, colocam estacas, drenam o lençol freático. (Para tal fim, os geradores atormentam os moradores noite e dia por semanas ou até meses com a monotonia de seu ruído.) Enterrada a tubulação e feita a terraplanagem na rua, fica-se com agradável sensação de que a tempestade passou; é hora de esperar a bonança.

Pensa-se também em vão que para sempre se está livre daqueles transtornos. “Os moradores de outra rua que sofram agora seu quinhão!”

Lá a faina começa: interdição, banheiro químico, enxurrada, tubos empilhados, operários indo e vindo, terra e lama amontoando-se no leito do logradouro. Enfim o caos. Apesar disso, os moradores toleraram-no até com certa satisfação.

Quando se calcula que o competente trabalho de soterramento dos canos está terminado, o espírito de Penélope baixa nos engenheiros da Sabesp, e é com terror que o contribuinte vê os trabalhadores de volta: cavando, escorando, drenando, tirando tubos, espalhando lama, ou seja, repetindo quase todas as ações como se nunca estivessem escavado ali.

Penélope esperou vinte anos por Ulisses, que retornou e puniu com rigor os que aproveitavam sua ausência para dilapidar Ítaca. Talvez não tenhamos que esperar exatamente duas décadas para termos nosso esgoto. Sou otimista e resignado: quem sabe quinze, dezesseis anos... O que me deixa desolado é que não haverá Ulisses algum para punir os responsáveis pelos prejuízos que esse permanente “enterra e desenterra” gera aos cofres públicos.

Que profissionais são esses que não conseguem planejar e executar a tubulação de um bairro de modo definitivo? É mesmo falta de capacidade técnica? Ou é uma maneira engenhosa de drenar os cofres da autarquia para alguma empresa terceirizada?

Talvez seja só maledicência minha, mas que esse trabalho infindável é estranho, demasiado estranho, isso é.

Jorge Ivam Ferreira
RG: 16870403-1

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