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SEÇÃO
Crônicas
03/04/2010 - 08h08
Bodes, cabras e cabritos
Ana Marly de Oliveira Jacobino
 

Cidade do interior acontece sempre alguma novidade para ser explorada por quem não tem muito o que fazer. O trem ainda passa. Trem de carga; o de passageiro há muito tempo foi desativado pelo governo. Mas, burrices governamentais a parte, a população, vez ou outra lança um manifesto para o retorno do trem de passageiro. Os governantes não conseguem vislumbrar a importância dos trens. Lembro de um ditado que diz: “A ignorância atravanca o progresso”.

Voltando aos bodes, cabras e cabritos. Sebastião mora encostado a linha férrea e, como sabemos, neste local o capim gordura e outras gramíneas crescem em abundância. O homem é conhecido por sua calma. Ele cria os ruminantes soltos. Vivem fazendo malabarismos entre os trilhos do trem. Línguas compridas vão buscar os tuchos de gramíneas em locais inacessíveis a outro animal.

Creison montou uma banca de frutas quase embaixo do pontilhão da ferrovia. Um ponto estratégico em um local de grande movimentação de pedestres.  Banca nova comprada com dificuldade. As frutas, verduras e legumes mostram a beleza das suas carnes e folhas tenras. O comerciante tem que estar sempre com um olho nas mercadorias e outro nos ruminantes. De vez em quando, um animal rouba uma mercadoria, e, a lambe ali mesmo sem dar o luxo de comer em outro lugar.

O rufarufa do trem na estação projeta com alarido a sua partida. Tinhoso é um bode bonito de fazer inveja a qualquer outro ruminante cavicórneo, todo preto, do alto dos seus 60 quilos sabe bodejar como nenhum outro caprino.

O bode pasta com mais três cabras no alto do viaduto. Encarapitado por entre os trilhos masca um punhado de grama com sofreguidão. O trem sai da estação. Apita uma, duas, três vezes. Tinhoso continua pastando, calmamente. Tatatatá, tatatatá, piuiuiuiuiuiu!  Velocidade aumenta. Sem pressa alguma o bode permanece nos trilhos. Maquinista presencia a cena e temendo um acidente, apita! Apita! Apita! Os trilhos passam. O bode olha para o trem. Dez, nove, oito, sete, seis, cinco metros. Tinhoso salta no ar e cai no vazio.

Manhã de quarta-feira o jornal local estampa em primeira página:  “Bode voador se esborracha em banca de frutas e legumes”.

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