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Crônicas
04/04/2010 - 14h05
Precisamos de um milagre!
Rangel Alves da Costa
 

Não há que disfarçar a desesperança, o temor e o pavor. A realidade chama e diz que já não há muito a fazer diante da situação que criamos e que agora se revolta contra a nossa fragilidade, porque não temos mais forças para destruir o que se alastrou pelas nossas próprias ações, pelas nossas mãos, pelas nossas palavras, pelos nossos gestos e até pela nossa omissão. Mas ainda temos uma chance, pois a própria realidade diz que nós mesmos podemos fazer milagres.

Mas os milagres são bons, como são e para que servem os milagres? Ora, os milagres não podem ser conceituados nem justificados por palavras, não são visíveis no instante em que acontecem, não são existentes na forma que pensamos que existem, não acontecem por acaso, mas podem ocorrer a todo instante, a cada momento que imperceptivelmente apenas sentimos que uma coisa foi transformada por uma ação superior. Nós também, se desejarmos, temos força superior.

Para alguns, o milagre é definido como sendo um ato ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis naturais; um acontecimento formidável, estupendo; um evento que provoca surpresa e admiração; qualquer indicação da participação divina na vida humana; indício dessa participação, que se revela especialmente por uma alteração súbita e fora do comum das leis da natureza. Assim está no Houaiss. Mas o milagre se resume a tais aspectos?

Não, pois o milagre maior é o próprio homem e toda a sua capacidade de ser e de agir. Mesmo que este não queira compreender que lhe foi confiado o poder de estar na terra e sobre ela agir para transformar o caos em algo ordenado e útil para se viver, ainda assim o milagre persiste em cada um pela simples possibilidade de existência e realizações. Quando ele passa a entender do que é capaz de fazer, aí é que o milagre da vida poderá fazer verdadeiros milagres.

Contudo, a verdade é que o homem ainda não suficientemente entendeu o verdadeiro milagre que é. Por ser assim, e porque a descrença e a indiferença na fé afastam o homem do seu poder de realizações positivas, é que vivemos precisando de milagres em tudo, como se o próprio indivíduo não pudesse dizer que "vou mudar isso aqui", "quero transformar essa situação", "não quero mais ver isso ocorrer". Tudo isso podem ser milagres oriundos do milagre maior que é o homem.

Assim, diante dessa falta de conhecimento da capacidade para mudar e transformar positivamente as coisas e situações, é que precisamos do milagre da crença do homem em si mesmo. Acreditar na sua importância e ter a certeza de que poderá ser ainda mais valorizado pelas suas boas ações, é o primeiro fator para que o homem enquanto milagre queira fazer outros milagres ao seu redor.

Precisamos do milagre da palavra, do silêncio e da solidão, de modo que o homem entenda que de sua boca pode sair a palavra amiga, de conforto, de admiração e de crítica consciente diante dos absurdos que os olhos veem; de modo que o seu silêncio seja o precioso momento para a reflexão sobre a realidade da vida e sobre tudo aquilo que o homem fez até hoje e sobre o que ele conseguiu com suas ações; e de modo que busque em instantes de solidão o encontro com a palavra interna, com o que quer dizer a si mesmo.

Precisamos do milagre do amor, da compreensão e da irmandade, de modo que a vida não se perca em mundo de desconhecidos ou conhecidos que de repente esquecem o outro quando mais está carente ou necessitado; de modo que vendo o outro como dentro de sua real condição não o desmereça, o discrimine ou o desvalorize; de modo que cada um saiba que mais cedo ou mais tarde vai precisar do outro, e que por isso mesmo é preciso viver em irmandade.

Precisamos do milagre da fé, da religião e da crença ainda maior em Deus, de modo que o homem sinta que o milagre que é não surgiu do acaso, que não vive à deriva das circunstâncias, que não está nem nunca esteve sozinho. E ele sabe bem disso, pois naqueles instantes de extrema necessidade sabe muito pedir ajuda superior e ao ser atendido diz que somente um milagre para salvá-lo, para tirá-lo daquela situação. Ele mesmo tinha o poder de operar o milagre, pois essa força Deus lhe confiou.

Por que, então, não compreender que o próprio homem é o milagre maior e que tudo na vida poderá se transformar em milagres se assim desejar? É que a maioria das pessoas, diante do reconhecimento de que são fragilizadas pelas suas constantes ações negativas, tornaram-se também conscientes de que, além de não terem mais forças para fazer milagre algum, sabem que somente por milagre continuam existindo.


Nota do Editor: Rangel Alves da Costa (rangel_adv1@hotmail.com) é advogado e poeta.

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