Mais um escândalo de corrupção veio à tona na saúde pública. O chefe da Neurocirurgia do Salgado Filho foi indiciado com empresários por fraude na compra de materiais para o hospital municipal. Segundo a polícia, a propina do médico era de 15% a 25% do valor de cada nota fraudada. A polícia vai investigar se a fraude também acontece em outras unidades municipais, estaduais e federais. Alguém tem dúvida? O setor público de saúde é conhecido pela quantidade de escândalos de corrupção. Em 2004, por exemplo, na Operação Vampiro, a máfia do sangue foi acusada de desvio de quase R$ 400 milhões do Ministério da Saúde. Corrupto existe em todo lugar. O que se deve questionar, portanto, é a razão pela qual os corruptos costumam “fazer a festa” no setor público. O motivo parece óbvio: o mecanismo de incentivos é totalmente inadequado quando se trata de governo. Se empregados corruptos tentassem praticar desvios em hospitais privados, encontrariam muito mais obstáculos. Para começo de conversa, o escrutínio dos sócios, que dependem da lucratividade de seu negócio, enquanto no governo existe apenas dinheiro da “viúva”. Se fraudes colocarem um hospital privado numa situação precária de caixa, ele irá à falência. Em contrapartida, um hospital público simplesmente demanda mais verbas públicas, por meio de impostos, ou então deixa a qualidade do serviço completamente abandonada. Afinal, ele não depende mesmo da satisfação dos clientes para sobreviver. O SUS que o diga! Fica claro que quanto menos recursos passarem pelo setor público, melhor. No governo, os incentivos à corrupção são atraentes demais para os corruptos. Não é por acaso que todos eles adoram o governo! Nota do Editor: Rodrigo Constantino (rodrigoconstantino.blogspot.com) é formado em Economia pela PUC-RJ, e tem MBA de Finanças pelo IBMEC. Trabalha no setor financeiro desde 1997. É autor de cinco livros: "Prisioneiros da Liberdade", "Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT", "Egoísmo Racional: O Individualismo de Ayn Rand", "Uma Luz na Escuridão" e "Economia do Indivíduo: O Legado da Escola Austríaca". Escreve artigos para diversos sites, assim como para a revista Voto, e para o caderno Eu&Investimentos do jornal Valor Econômico. É colunista do jornal O Globo. É membro-fundador do Instituto Millenium, diretor do Instituto Liberal, membro do Conselho Consultivo do Instituto Federalista e membro do Conselho de Administração do Instituto Mises Brasil. Foi o vencedor do Prêmio Libertas em 2009, no XXII Fórum da Liberdade.
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