Vaidade para uns, necessidade para outros
O que artistas como Bibi Ferreira, Jorge Ben Jor, Pedro Almodóvar e Bono Vox têm em comum, além do prestígio e de milhares de fãs? A resposta está literalmente "na cara", pois as quatro celebridades raramente são vistas sem óculos escuros, mesmo à noite. Mais do que vaidade, para eles, as lentes escuras são itens de primeira necessidade para o convívio com a fotofobia. O distúrbio visual é caracterizado por um uma sensibilidade em excesso à luz, seja ela natural ou artificial. Ocorre quando as células fotossensíveis da retina rejeitam a claridade, provocando desconforto. A fotofobia não tem causa específica, mas geralmente é sintoma de doenças inflamatórias, congênitas, infecciosas, ou alérgicas, sendo o astigmatismo a razão mais frequente do problema. De modo geral, nossos olhos são sensíveis à claridade, principalmente pela manhã. Como explica o Dr. José Geraldo, chefe do Departamento Estrabismo e Lente de Contato do Inob, a reação passa a caracterizar algo mais sério quando ultrapassa o suportável pela maioria das pessoas. "As reações incluem lacrimejamento, ardor nos olhos e muito desconforto. Nesses casos, é necessário avaliar as causas a partir de um exame oftalmológico completo, pois a fotofobia pode estar associada a outros problemas oculares que devem ser tratados em conjunto", destaca. Ainda segundo o especialista, o uso constante de óculos escuros não induz à fotofobia, como alguns podem pensar. Mas quem tem olhos claros costuma ser mais propenso ao problema, já que a baixa concentração de melanina nos olhos dificulta a absorção da claridade. A boa notícia é que, na maioria dos casos, a fotofobia tem cura. As celebridades Bono Vox em entrevista para a revista Rolling Stone em 2005: "Se alguém me fotografa, eu vejo o flash pelo resto do dia. Dependo dos óculos mais do que por simples vaidade ou privacidade." Pedro Almodóvar, para a revista Ciak em abril de 2008: "Vivi por meses como prisioneiro de um quarto escuro: não podia acender a luz, nem ver DVDs ou escrever usando o computador. Um verdadeiro paradoxo para um diretor que ama as cores acesas e vivas em meio aos refletores." Bibi Ferreira, para o Estado de São Paulo, em 2007: "Começou por volta dos anos 50, quando passei a sentir necessidade de me separar do sol. Depois percebi que, mesmo com luz elétrica, dentro de casa, o incômodo era o mesmo. A necessidade dos óculos virou uma constante. À noite, faço tudo no escuro. Passo fio dental no escuro. E sofro muito em cena. Às vezes não consigo, logo de entrada, abrir os olhos de vez". Jorge Bem Jor, no programa Amaury Jr., em fevereiro de 2006: "Não tiro os óculos escuros nem durante a noite".
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