Presencia-se uma guerra no Paraguai, com toque de recolher, movimentação de tropas, atentado político e crimes diversos. Tudo na fronteira com o Brasil e, para nos preocupar ainda mais, levando medo e insegurança a mais de 300 mil “brasiguaios” que vivem na área conflagrada. O vizinho país que até bem pouquíssimo tempo era omisso em relação aos criminosos que fugiam para seu território, lucrando ilegal e imoralmente com a receptação de veículos roubados no Brasil, o tráfico de drogas, o contrabando e outros ilícitos, não podia imaginar que, além das benesses criminosas, também estava instalando o crime organizado que viria provocar a desordem interna. Foi o que aconteceu. Hoje, os cinco estados sob sítio abrigam ladrões, traficantes, contrabandistas e também o Exército Popular do Povo (EPP), organização guerrilheira supostamente marxista-leninista que receberia treinamento e aporte da colombiana FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas). O atrasado vizinho agora tem de se preocupar também com a guerrilha, hoje interpretada com um grupo com mais feições de criminoso do que de guerrilheiro. Seriam aproximadamente 100 homens que nos últimos anos realizaram algumas ações, teriam ligações com traficantes e até com a facção paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) e hoje são caçados por mil soldados e policiais. Nós, brasileiros, esperamos que o governo paraguaio dê um mínimo de segurança aos imigrantes brasileiros que vivem naquele país e têm grande peso na sua produção agrícola. E que as autoridades brasileiras estejam atentas com a fronteira para impedir que o conflito paraguaio adentre nosso país. Cada um com seus problemas e responsabilidades pela solução de seus conflitos internos. Soberania é isso. O Brasil tem vizinhos extremamente exóticos com governos esquisitos. Venezuela, Bolívia, Paraguai e o Equador (que não é vizinho de fronteira, mas próximo) devem ser observados com o máximo rigor para evitar que suas travessuras deságüem sobre os brasileiros. Não podemos continuar perdoando suas dívidas, cedendo às suas quebras de contrato e tolerando as políticas de governantes desvairados e comprometidos apenas com o próprio umbigo. O Paraguai já levou muita vantagem ao esquentar os carros roubados no Brasil, tornar-se entreposto do contrabando que para aqui vem e até produzir parte da maconha que abastece as bocas de fumo brasileiras. Seu presidente, assim que assumiu, tentou quebrar o contrato de Itaipu para nos espoliar. Logo, são vizinhos. Amigos, nem tanto. Espera-se do governo brasileiro total distância da guerrilha, das jogadas temperamentais e da chantagem desses vizinhos. A obrigação de Brasília é evitar que os conflitos atravessem nossas fronteiras e, se tiver que se pronunciar a respeito, fazê-lo formalmente através dos organismos internacionais onde temos assento. A interferência direta só serviria para nos nivelar (por baixo)... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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