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Opinião
01/05/2010 - 11h11
A falácia dos números
Elizabeth Kipman Cerqueira - Pauta Social
 

Já faz algum tempo vemos que o dito popular ‘uma mentira mil vezes repetida se torna uma verdade autêntica’ é facilmente aplicável quando o assunto é a descriminalização do aborto. Toda vez que o tema volta a cena, números totalmente desproporcionais à realidade surgem em matérias de jornais, entrevistas de rádio e televisão. É comum, no meio de debates acalorados, ouvirmos que abortos clandestinos provocam 200 mil mortes de mulheres por ano no Brasil. E o pior é que muitas vezes estes números, além das entidades que defendem a legalização dessa prática, recebem a chancela de representantes do Ministério da Saúde, num verdadeiro absurdo. Números são frios, mas por trás de cada um deles há uma vida. Assim, é óbvio que nenhum de nós defende ou aceita que haja uma morte sequer provocada ou em conseqüência de um aborto.

Mas distorcer estes números para angariar defensores para uma causa contrária à vida é algo indefensável. E então me pergunto, de onde vêem estes números? Com um pouco de boa vontade é fácil descobrir que as mortes maternas provocadas por aborto não figuram sequer entre as dez primeiras causas de mortes de mulheres em idade fértil no Brasil. Isso mesmo, nem entre as dez primeiras. E é o próprio governo quem diz isso, no site do DataSus, órgão federal ligado ao Ministério da Saúde. Lá é muito fácil encontrar a relação das principais causa de mortes ocorridas no país. É possível saber que o que mais mata as mulheres atualmente são as doenças do aparelho circulatório, seguidas das neoplasias (tumores) e das doenças do aparelho circulatório.

No caso dos tumores, é importante destacar que entidades sérias, como a Sociedade Brasileira de Mastologia, citando o próprio Ministério da Saúde, assinalam que a cada 36 minutos uma brasileira morre vítima de câncer de mama. E as mortes por aborto? Segundo dados divulgados no site www.datasus.gov.br, ao qual qualquer pessoa pode ter acesso, as mortes em consequência dessa prática chegaram a 133 em 2007. De 1996 a 2006, os números ficaram entre 70 e 108 por ano, números incrivelmente distantes das cifras apresentadas por aqueles que usam o argumento de que o alto número de mortes maternas pelo aborto provocado clandestino exigiria sua liberação.

Aqui cabe uma explicação: Morte materna é a ‘morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais’. Inclui as mortes das mães após o aborto (espontâneo ou provocado) ou após o parto em qualquer idade gestacional. Alguns podem dizer que estes números estão subdimensionados. Pode até ser, mas de 200 mil para menos de 150 há uma diferença muito grande e não justifica que autoridades governamentais continuem afirmando que a falta de serviços para realizar o aborto legal é um grave problema de saúde pública no Brasil e que o aborto clandestino dever ser uma prioridade, esquecendo-se de se dedicar a resolver problemas mais graves.

O que leva uma mãe a um ato tão radical como o aborto? Não temos direito de julgar o que se passou em seu interior. Rostos conhecidos ou não, apenas reflitamos: o que leva a uma gestação indesejada? Muitos casos são de mulheres casadas; outras solteiras, adolescentes. Muitas conhecem e têm acesso aos métodos anticoncepcionais e podem tê-los usado ou não. Muitos de nós somos frutos de gestações não planejadas! É preciso analisar as causas e não achar que a legalização ou liberação do aborto provocado irá resolver o problema de mortes maternas e que não ocorrerão mais gestações indesejadas. Soluções pensadas a partir de falsas verdades, com certeza, só podem resultar em falsas melhorias.


Nota do Editor: Elizabeth Kipman Cerqueira é especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Logoterapia. Diretora do Centro Interdisciplinar de Bioética, coordena o Conselho de Bioética do Movimento da Cidadania em Defesa da Vida - Brasil Sem Aborto.

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