A colelitíase ou pedra na vesícula é uma patologia que atinge principalmente mulheres acima dos 40 anos, com excesso de peso e diabéticas. Os cálculos formam-se no interior da vesícula biliar pela concentração de sais biliares - ricos em colesterol - que se agrupam conforme a água é absorvida. Em seguida, os cálculos migram da vesícula para o intestino pelos canais biliares. E é justamente aí que está o problema, segundo o médico Bráulio Lessa, do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André. A vesícula é um órgão que compõe o aparelho digestivo e tem a função de armazenar a bile - produzida pelo fígado - auxiliando na digestão das gorduras. No período entre as refeições, a parte líquida da bile é absorvida pelas paredes da vesícula, deixando-a com menor quantidade de água. A vesícula com cálculos não consegue executar corretamente este processo. Uma vez estimulada torna-se inflamada pela movimentação dos cálculos em seu interior, o que resulta em náuseas, vômitos e dores. Existem dois tipos de cálculos os pigmentados - de cor preta - e os de colesterol - de cor amarela. Este último tipo são os mais comuns. A principal causa da formação das pedras é a desproporção dos componentes da bile, como o colesterol, fosfolipídeos e sais biliares. Outros fatores também estão associados ao desenvolvimento de pedras na vesícula como a obesidade, hipertensão arterial, tabagismo e anemia. Muitas vezes os cálculos biliares não apresentam sintomas fazendo o paciente crer que não possui a doença. Normalmente os sintomas surgem quando há inflamação da vesícula ou quando um cálculo fica preso no canal, com o aumento de pressão o paciente sente cólicas, pois com o canal obstruído a bile não tem como sair e se acumula. Segundo o especialista, as cólicas biliares podem durar até cinco horas. "Geralmente as crises ocorrem após refeições muito gordurosas ou quando o paciente alimenta-se depois de um longo período em jejum", explica Lessa. Podem ocorrer náuseas, vômitos e até febre. Caso a febre seja acompanhada de calafrios, certamente é uma infecção causada por bactérias, também conhecida como colangite. Outros sintomas são icterícia, urina escura e fezes claras. Para o diagnóstico, o médico ouvirá o relato do paciente e para a confirmação da patologia serão necessários alguns exames como os de sangue, ultrassonografia e cintilografia. Para aqueles pacientes que não apresentam sintomas, o tratamento deverá ser à base de medicamentos que ajudarão a dissolver os cálculos. Já os pacientes que apresentam sintomas, complicações da doença ou fatores de risco deverá ser recomendada a cirurgia para a retirada da vesícula, que pode ser convencional ou laparoscopia. "Melhorias podem ocorrer após o tratamento com medicamentos, mas é importante lembrar que eles não desaparecem com o tempo, por isso a cirurgia se faz necessária", orienta o especialista. Vale lembrar que a ingestão de alimentos gordurosos somente desencadeia as crises em quem possui cálculos biliares, sem qualquer influência na formação das pedras. Outra questão importante é o câncer de vesícula, que apesar de raro pode ocorrer em pacientes que possuem cálculos biliares, embora não haja comprovação científica de que as pedras levem ao câncer. Mesmo sem apresentar muitas complicações é importante prevenir a doença evitando a obesidade, longos períodos em jejum, tabagismo, realizar exames de ultrassonografia abdominal sempre que necessário e consultar um especialista após os 40 anos de idade.
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