26/08/2025  21h04
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
21/05/2010 - 17h09
O Brasil está sendo vendido
Célio Pezza
 

Existe um movimento mundial, no qual países com dinheiro e pouca terra cultivável compram terras em outros países que possuem muita terra e pouco dinheiro. Eles as usam não só para produzir alimentos, como também para cultivar eucaliptos para produção de papel e exportar para seus países de origem. No caso do Brasil, já passa de 5,5 milhões de hectares a área de terra em mãos de estrangeiros. Para se ter uma idéia de quanto é isto, basta lembrar que 1 hectare equivale a 10.000 m², ou seja, um quarteirão de 100 metros de lado por 100 metros de fundo.

Este número pode ser muito maior, pois o próprio presidente do INCRA diz que muitos proprietários não declaram a nacionalidade no registro e o controle no Brasil é falho a tal ponto que mesmo o INCRA não sabe a real extensão das vendas. Existe um projeto que limita a venda de terras brasileiras a empresas estrangeiras aguardando um parecer da Advocacia Geral da União, sem previsão de desfecho. Enquanto isto, nosso país vai sendo vendido. Destes 5,5 milhões registrados, a maior parte são terras da Amazônia, Mato Grosso e Bahia, mas existem propriedades ao longo de todo no país. Existem até sites estrangeiros especializados na venda de terras no Brasil ressaltando as vantagens em termos de preços e facilidades na exploração de minérios, pecuária ou outra atividade qualquer.

O próprio presidente do INCRA, o gaúcho Rolf Hackbart alegou em 2008 que a legislação precisa ser mudada com urgência, pois a procura de terras brasileiras por grupos estrangeiros está crescendo de maneira acentuada e sem nenhum controle. Ele vai além, alegando que o Brasil está perdendo sua soberania nacional. De imediato, a senadora Kátia Abreu, do estado do Tocantins e ligada à Confederação Nacional da Agricultura, reagiu numa audiência no Senado, dizendo que o presidente do INCRA não fala em nome do povo, diferente dos parlamentares. Na mesma época, o senador gaúcho Sérgio Zambiasi, que apresentou uma proposta de emenda constitucional reduzindo de 150 para 50 quilômetros a chamada faixa de fronteira nacional, viu seu projeto passar sob aplausos pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, devendo sua proposta ser aprovada pelo Congresso muito em breve.

Com esta aprovação, fica aberto o caminho para a ampliação no Rio Grande do Sul de uma das fábricas da Stora Enso, uma multinacional Sueco-Finlandesa e a maior fabricante mundial de papel e celulose. A multinacional já possui plantações de eucalipto no Uruguai, na fronteira com o Brasil e tem no lado brasileiro cerca de 50 mil hectares para o plantio de eucaliptos e precisa de outros 60 mil hectares para expandir seu negócio. A única dificuldade é que esta área está dentro da região de fronteiras, considerada de segurança nacional, onde é proibida a venda de terras. Com a mudança da legislação, a Stora Enso ampliará suas terras e o Rio Grande terá mais 60 mil hectares de eucaliptos.

Vale lembrar que o cultivo de eucaliptos é bastante polêmico e tido como altamente predatório, pois ele consome altas quantidades de água, ocasiona diminuição dos riachos, afeta o lençol freático, modifica a condição do solo e reduz a biodiversidade da flora e da fauna da região onde é plantado.

A grande verdade é que o Brasil está sendo vendido descaradamente e nossas terras estão sendo estragadas por grandes empresas, as quais fazem aqui, o que muitas vezes não lhes é permitido em outras partes do mundo. E, se a constituição não permite vender terras nas fronteiras, muda-se a lei, diminuindo as faixas de fronteiras. Pena que pouco se fale sobre estes desmandos no nosso Brasil. Como bem disse o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano: "Os bosques nativos abrem espaço para os bosques artificiais. Parecem soldados em fila os pinheiros e eucaliptos de exportação, que marcham rumo ao mercado internacional. Fontes de divisas, exemplos de desenvolvimento, símbolos de progresso, esses criadouros de madeira ressecam a terra e arruínam os solos. Neles, os pássaros não cantam. As pessoas os chamam de bosques do silêncio!"


Nota do Editor: Célio Pezza é escritor (www.cpezza.com), mas tem sua formação acadêmica em Química e Administração de Empresas. Nascido em Araraquara, interior de São Paulo, Célio mora atualmente em Veranópolis, no Rio Grande do Sul. Identificado mais com o estilo "suspense", o autor cria romances que misturam aspectos da realidade com ficção, deixando claro sua predileção pelo esoterismo e pela magia. Também escreve artigos e crônicas sobre temas atuais da sociedade, assim como trata de assuntos polêmicos que recebem pouco ou quase nenhum espaço nas mídias.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.