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Crônicas
22/05/2010 - 09h09
A coroa do Rei
Claudionor Quirino dos Santos
 

Havia em um lugar paradisíaco na costa do Atlântico um povo laborioso, com muitas pessoas que sonhavam com uma organização política. O povo constituía uma Nação, com história bem definida de tradições, de produção, festas e folclore, de perfeita integração social e cultural e perspectivas de futuro.

O sonho desse povo era ter um Rei, para quem reclamar e apresentar suas queixas, julgar os casos sociais, arrecadar fundos e organizar a comunidade, segundo os seus anseios.

As pessoas sempre buscavam no meio da comunidade alguém do povo, mas pensavam que profeta de casa não podia ser diferente, porque tinha idéias comuns.

Em meio a esses anseios, lógico que algum espertalhão haveria de aparecer e tirar alguma vantagem.

Até que um dia aparece, não se sabe de onde, um cavaleiro com pinta de cavalheiro, com ares de príncipe justiceiro, espada em punho, de metal reluzente, chamando a atenção da comunidade inteira.

Seria esse o Rei? Mas suas vestes, como plumas de pássaro, lembravam a lenda do toco de pau e o pássaro das formigas, de La Fontaine.

O indivíduo rodou por toda a vila, conversou pouco, e sentindo os anseios do povo de ter um Rei, brandiu sua espada, atravessou a massa e se declarou o Rei da Vila.

Mas o povo não queria um Rei apenas por ser bonito, ligeiro como espadachim, mas alguém com competência para ser Rei e governar. O povo queria mais, queria alguém que fosse amigo, que fosse igual no tratamento e na linguagem.

Quando percebeu que não se tratava da pessoa que queriam como Rei, reagiram com rejeição absoluta e incondicional.

O Rei ficou indiferente. Não ligava para o que diziam. O importante é que era o Rei e sentia o gosto do poder que nunca teve.

Chegou porém o dia da coroação, marcado por ele mesmo e avisado ao povo por seus súditos, nomeados entre alguns gatos pingados que com ele compartilhavam o poder.

Um dos súditos trouxe a coroa, elaborada do mais fino ouro e de rubis da região. Mas ao coloca-la na cabeça do Rei, espantou-se com um berro de Sua Majestade.

- Cadê o povo? - Gritava e perguntava o Rei irado.

- Eu quero a aclamação do povo! - Exclamava.

Não havia ninguém no ambiente, a não ser seus súditos.

O Rei não se conformava.

- Vocês são só os que querem ser amigos do Rei! Vocês são uns “puxa-sacos”! Eu quero o povo para me aplaudir e me aclamar o seu Rei!

O silencio permanecia. Só se ouvia o trinar de aves que vinha de perto e de longe no imenso vale.

O Rei irritou-se ao extremo. Fez um gesto de que iria bater a coroa contra o chão. Mas, uma única vez portou-se como um cavalheiro.

Disse com voz mansa, exclamativa:

- Eu queria ser aclamado pelo povo! Ninguém governa sem o povo! Minha espada não vale nada. Ela corta, ela destrói, ela mata, mas não tem a força do poder do povo.

Colocou a coroa sobre a mesa, com delicadeza. Depois a apanhou com cuidado e entregou a um de seus súditos, dizendo:

- Guarde-a para que um dia seja colocada na cabeça de um Rei que seja aclamado pelo povo! Na cabeça de alguém que seja escolhido pelo povo!

O falso Rei saiu, montou em seu cavalo, empunhou sua espada e se embrenhou na mata, pela mesma vereda de onde surgiu.

Foi a única vez que o povo o aplaudiu.

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